Venda de medicamentos sem receita médica nas farmácias da cidade de Säo Paulo / Sale of drugs without medical prescription in pharmacies of the city of Säo Paulo

RESUMO

Estudantes de medicina dirigiram-se a farmácias da cidade de Säo Paulo simulando uma queixa e solicitando um medicamento para o primeiro balconista a atendê-los. As queixas referiam-se a "estar muito nervoso", "estar com muito sono", "estar com insônia", "querer emagrecer" e "alcoolismo em pessoa da família". Em 98 das 101 farmácias visitadas, o primeiro balconista a atender vendeu um medicamento; 75% dos medicamentos eram produtos farmacêuticos com faixa vermelha que deveriam ser vendidos somente com prescriçäo médica. Para as queixas "muito nervoso" e "insônia" os medicamentos vendidos, respectivamente em 90 e 100% das visitas, foram em sua imensa maioria (79%) os ansiolíticos antidistônicos, contendo 5 a 7mg de diazepam, 1mg de lorazepam, ou 15mg de oxazepam. Para a queixa de "muito sono", mais da metade dos estudantes comprou medicamentos à base de fencanfamina (ou norcanfano), uma droga com açäo tipo anfetamínica. Medicamentos à base de mazindol, droga tipo anfetamínica, e que exigem notificaçäo de receita B (bloco azul) foram livremente vendidos a 57% dos estudantes, que compraram produtos farmacêuticos indicados pelo balconista para "emagrecer". Para 71% dos estudantes que expuseram a queixa "alcoolismo na família" os balconistas venderam produtos à base de dissulfiram. Dos 98 estudantes que compraram medicamentos, apenas 17 foram alertados sobre possíveis efeitos colaterais, freqüentemente de maneira incompleta ou incorreta