Perfil de utilização de medicamentos por idosos em área urbana do Nordeste do Brasil / Medication use patterns among elderly people in urban area in Northeastern Brazil

RESUMO

OBJETIVO: Descrever o perfil de utilização de medicamentos por idosos residentes em áreas de diferentes níveis socioeconômicos de um centro urbano do Nordeste do Brasil. MÉTODOS: Inquérito domiciliar entre idosos (60 anos ou mais) da cidade de Fortaleza, Ceará, selecionados por amostragem sistemática em múltiplos estágios e estratificada por nível socioeconômico (melhor = área central; intermediário = área intermediária; pior = área periférica). Estatística descritiva foi apresentada pelas percentagens dos respectivos totais para variáveis categóricas e médias (± desvio-padrão) para variável contínua. Realizou-se análise multivariada para identificação de fatores associados a uso de medicamentos prescritos; não-prescritos e inadequados. RESULTADOS: A maioria dos idosos (80,3 por cento na área central) usava pelo menos um medicamento prescrito. Mais de um terço (37,4 por cento) na área periférica usava pelo menos um não-prescrito, e quase 20 por cento pelo menos um inadequado. O uso de medicamentos prescritos foi associado à idade avançada (razão de chances - RR=1,7; IC 95 por cento 1,1-2,8); sexo masculino (RR=0,5; IC 95 por cento 0,3-0,7); visitas a serviços de saúde (RR=2,5; IC 95 por cento 1,9-3,1); doenças crônicas (RR=4,0; IC 95 por cento 2,5-6,2); e nível socioeconômico (RR=2,0; IC 95 por cento 1,5-2,6). O uso de medicamentos não prescritos foi associado a comprometimento funcional (RR=1,5; IC 95 por cento 1,1-2,2) e nível socioeconômico (RR=0,6; IC 95 por cento 0,5-0,8). O uso de medicamentos inadequados foi associado principalmente a sexo masculino (RR=0,4; IC 95 por cento 0,2-0,8); doenças crônicas (RR=2,0; IC 95 por cento 1,2-3,3), e nível socioeconômico (RR=0,7; IC 95 por cento 0,5-0,9). CONCLUSÕES: As proporções de idosos usando medicamentos prescritos, não-prescritos e inadequados foram significativas, havendo desigualdades particularmente entre aqueles de diferentes níveis socioeconômicos. Os resultados apontam para a necessidade de programas para otimizar o acesso e racionalizar o uso de medicamentos entre idosos no Brasil.