Disfagia orofaríngea em pacientes com doença do neurônio motor/esclerose lateral amiotrófica / Oropharyngeal dysphagia in patients with motor neuron disease/amyotrophic lateral sclerosis

RESUMO

Pacientes com DNM/ELA desenvolvem disfagia orofaríngea, como resultado da perda progressiva de função da musculatura bulbar e respiratória. Objetivo: Identificar a disfagia orofaríngea em pacientes com DNM/ELA e relacionar com os aspectos nutricionais e respiratórios durante a progressão da doença. Método: 38 pacientes com comprometimento bulbar, sendo 29 com forma clássica, ELA, e 9 com forma bulbar, PBP, foram avaliados no momento de admissão ao tratamento fonoaudiológico regular e reavaliados após três meses. Os achados da fase oral e faríngea foram obtidos através da avaliação clínica fonoaudiológica e da videoendoscopia da deglutição (VED). Estudos da avaliação nutricional e respiratória foram conduzidos simultaneamente. Resultados: Os resultados mostraram que a disfagia orofaríngea esteve presente em 100 por cento do grupo com PBP, com 17 meses de comprometimento bulbar e em 65,5 por cento no grupo com ELA, com 10,7 meses, evoluindo para 75,9 por cento em três meses. Houve fraqueza progressiva significante da musculatura anterior da língua e do véu do palato, causando as primeiras alterações na dinâmica da propulsão ântero-posterior do bolo alimentar. O grupo com PBP apresentou alteração mais agravada da musculatura do que o grupo com ELA. Ao analisar os dados da VED observou-se que redução da elevação da base de língua, adução glótica incompleta e redução da elevação laríngea, assim como o uso de BiPAP apresentaram variação significante com piora, no grupo com ELA. Houve comprometimento progressivo da fase faríngea da deglutição, quanto a acúmulo de resíduo após a deglutição, penetração laringeal e aspiração traqueal. A dificuldade no processo de deglutição foi mais freqüente em estágios precoces para as consistências líquidas e sólidas e em estágios avançados para as consistências líquidas e pastosas. Quanto à avaliação respiratória, observou-se uma perda progressiva dos padrões respiratórios, sendo que a capacidade vital (CV) apresentou-se mais grave, com valores diminuídos significantemente, no grupo com retardo de esvaziamento do bolo alimentar, acúmulo de resíduos na região orofaríngea, penetração laringeal, aspiração traqueal, uso de gastrostomia endoscópica percutânea (GEP) e uso de ventilação não invasiva (BiPAP)...