Estudo dos níveis de pesticidas organoclorados persistentes em mulheres grávidas e lactantes no Rio de Janeiro / Study of the persistent organochlorine pesticides levels in pregnant and nursing women in Rio de Janeiro

RESUMO

Os pesticidas organoclorados (OC) persistentes são detectados no sangue da maioria dos indivíduos da população, apesar de proibidos no Brasil para o uso na agricultura em 1985, e em campanhas de combate a vetores desde 1998. São altamente lipofílicos e persistentes no ambiente, resistentes à degradação por meios químicos, fotolíticos e biológicos, apresentam longas meias vidas de eliminação e o potencial para bioacumulação e biomagnificação através da cadeia alimentar. A contaminação da população geral ocorre, principalmente, pela via alimentar, e exposições crônicas e a baixos níveis têm sido associadas a efeitos imunológicos, reprodutivos e carcinogênicos. O objetivo deste estudo foi identificar os fatores responsáveis pela manutenção dos níveis de organoclorados na população, investigando seus determinantes reprodutivos, alimentares e sócio econômicos, em um grupo de mulheres grávidas e outro de lactantes, residentes na cidade do Rio de Janeiro,RJ,Brasil. Os resultados indicaram a presença de multirresíduos de OC persistentes através de concentrações detectáveis nas amostras de sangue, leite materno e sangue do cordão umbilical. O p,p’-DDE, metabólito do p,p’-DDT, foi encontrado em 97por cento das amostras de sangue materno e em 100por cento das de leite, em concentrações médias de 1,77 ± 1,53 μg.L–1 e 587,31 ± 1224 μg.kg –1 de gordura, respectivamente. Após a análise multivariada, os principais determinantes dos níveis sangüíneos nas mulheres grávidas foram “consumo de peixe” e “paridade”, conjuntamente explicando 28por cento da variância total (p=0,000). No grupo de lactantes, as variáveis responsáveis pelas variações dos níveis foram “consumo de viola”, “renda familiar”, “diminuição do índice de massa corpórea (por cento)” e “consumo de laticínios”, com um coeficiente de determinação de 81por cento (p = 0,000). Considerando-se que bebês amamentados constituem um grupo de risco, devido à lactação ser a principal via de excreção de OC, foi...