Psicologia histórico-cultural e educação especial de crianças: do desenvolvimento biológico à apropriação da cultura / Historical-cultural psychology and children' special education: from the biological development by acquiring culture

RESUMO

O presente artigo resulta de estudos e pesquisas bibliográficas na intersecção entre psicologia, educação e educação especial, sob a perspectiva da psicologia histórico-cultural. Objetiva-se refletir acerca da visão biológica dos processos de aprendizagem e desenvolvimento ainda predominantes no domínio educacional e, sobretudo, na modalidade da educação especial. O processo de humanização do homem implica em ir da condição de espécie biológica à de gênero humano – quando assume características culturais, com a formação dos processos / funções psicológicos superiores. Educadores e demais profissionais que atuam nessa modalidade devem buscar pelo desenvolvimento de tais processos tipicamente humanos. Estes são produtos da atividade cerebral, mas, fundamentalmente, resultam nas mediações propiciadas pelos instrumentos que se interpõem entre o homem e o objeto de sua atividade. Conclui-se que em tal modalidade de ensino sempre é necessário considerar que a atividade humana implica em ações que visam suprir necessidades criadas na luta pela existência, e que a supressão das mesmas faz suscitar novas necessidades. Assim, na educação de crianças especiais deve-se considerar que, simultaneamente à deficiência, existem possibilidades e necessidades compensatórias capazes de levar à superação das limitações biológicas; esta compreensão é que deve direcionar o processo educativo. A psicologia histórico-cultural oferece os fundamentos para à crítica à perspectiva organicista, bem como recursos teóricos para o desenvolvimento de estratégias e procedimentos educativos mediadores para indivíduos com deficiências ou necessidades singulares. Assim, defende-se a importância desta teoria na formação de professores para a educação especial