Estudo sobre a natureza da imunossupressão mediada pelo soro na leishmaniose visceral humana / Study about the nature of sera mediated immunosupression in visceral human lesihmaniasis

RESUMO

Soros de pacientes com leishmaniose visceral inibem a proliferação in vitro de linfócitos, mesmo de individuos normais, frente a estímulo por lectinas mitogênicas e antígenos diversos. Neste trabalho foram investigados se fatores séricos, como por exemplo a IgG, produtos parasitários e lipoproteinas, poderiam mediar essa inibição. Confirmando dados descritos na literatura, soros de trinta pacientes com leishmaniose visceral americana (LVA) mostraram um efeito supressor acentuado sobre linfócitos de indivíduos sadios estimulados com concanavalina A (Con A). IgG purificada de cinco destes soros através de cromatografia de troca iônica não induziu efeito supressor sobre a linfoproliferação in vitro. Além disso, a absorção da IgG da mistura de cinco soros destes pacientes com proteina A estafilocócica não reverteu a imunossupressão. Tanto componentes de peso molecular (PM) maior do que 430 kDa quanto de baixo PM (entre 12,4 e 57 kDa) de misturas de sete soros de pacientes com LVA induziram efeito supressor sobre a resposta linfoproliferativa a Con A, indicando que mais de um fator sérico está envolvido nesta imunossupressão. De fato, uma mistura de componentes de baixo e de alto peso molecular suprimiu a linfoproliferação com a mesma intensidade que a dos soros não fracionados. Uma preparação de carboidratos semi-purificados de mistura de 10 soros dos pacientes com LVA não mostrou efeito supressor sobre ensaio de linfoproliferação in vitro, contrastando com o observado com carboidratos semi-purificados de meio de cultura de L. amazonensis (FE). Através de reação de "western blot", utilizando anti-soros contra diferentes espécies de Leishmania, foram visualizadas bandas na preparação de carboidratos semi-purificados da mistura dos soros de pacientes com LVA, com pesos moleculares de 59, 74 e de 116 kDa. No entanto, esta atividade não diferiu quantitativamente das lipoproteinas de plasmas de individuos sadios. Níveis elevados de complexos imunes foram demonstrados nos soros e na fração de elevado PM dos soros dos pacientes com LVA. No entanto, a absorção de complexos imunes dos soros com proteina A estafilocócica, não diminuiu o efeito supressor destes. Não se pode afastar que os complexos imunes restantes associados aos fatores imunossupressores de baixo peso molecular, ainda causem imunossupressao máxima.