Tabagismo: do sagrado ao profano / Tobaccoism: from the sacred one to the profane one

RESUMO

Faz uma abordagem sobre a origem do mito da magia da fumaça, que está obrigatoriamente ligada ao fogo domesticado. Assim, só é muito antigo como também acompanhou de perto a marcha da humanização. Os registros da paleopatologia apontam para a evidência de que a sobrevivência dos nossos ancestrais, num determinado período, esteve diretamente relacionada com a produção, a conservação e o transporte do fogo. Os mais respeitados historiadores da atualidade atribuem ao uso do fogo, mudando o meio hostil, um dos fatores mais importantes na bravura dos hominídeos pela sobrevivência. Não é exagero afirmar que a partir dessa fase o homem tenha adquirido um novo sentimento contribuindo para reforçar a diferença dele sobre os outros animais. A passagem do tabagismo do espaço sagrado para o profano se deu, no Brasil, com a chegada do colonizador. O vício de fumar, por homens e mulheres, como instrumento de prazer doi imediatamente percebida ainda nos primeiros contatos e cristalinamente assinalado por Fernão Cardim, no século 16. O mais importante documento da historiografia sobre o avanço do tabagismo depois da colonização é o livro 'História natural e médica da Índia Ocidental', do médico holandes Guilherme Piso, formado na Universidade de Caen, na França, em 1634. Durante a ocupação holandesa do Nordeste brasileiro, na primeira metade do século 17, pelas tropas de João Maurício de Nassau, o médico Guilherme Piso, chefe dos serviços médicos das Índias Ocidentais, fez um registro fundamental para que se possa entender a sedução que o tabagismo exerceu no continente americano.