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Pesquisas narrativo-dialógicas no contexto de conflito com a lei: considerações sobre uma entrevista com jovem autora de infração / Dialogical-narrative research in the contex of conflict with the law: reflections on the interview with a young offender
Germano, Idilva; Bessa, Letícia Leite.
  • Germano, Idilva; Universidade Federal do Ceará. Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Fortaleza. BR
  • Bessa, Letícia Leite; Universidade de Fortaleza. Fortaleza. BR
Rev. mal-estar subj ; 10(3): 995-1033, set. 2010.
Artigo em Português | LILACS | ID: lil-603420
RESUMO
Neste trabalho discutimos as concepções de dialogismo e polifonia desenvolvidas por Bakhtin no campo literário, bem como formulações inspiradas em suas reflexões, aplicadas ao campo da pesquisa em ciências humanas, especialmente na psicologia. O objetivo é esboçar a perspectiva dialógica no campo do romance polifônico (Bakhtin, 1936/2008) e no contexto dos estudos do self e da identidade narrativa (Hermans, 1996, 2001), discutindo suas implicações para a compreensão da narrativa autobiográfica produzida por uma jovem egressa de medida sócio-educativa. A partir da análise do relato, identificamos os efeitos de sentido produzidos na interação entre pesquisadora e entrevistada, bem como o repertório de posições pessoais da narradora. Observou-se que o emprego da Entrevista Narrativa (Schütze, 1992), em que se recomenda ao entrevistador não fazer perguntas diretivas, criou uma situação de intercâmbio simultaneamente cooperativo e conflituoso, cujo processo pode ser entendido à luz das formulações dialógicas. Como espaço intersubjetivo assimétrico, o processo da entrevista tornou visíveis as estratégias de enfrentamento e negociação do poder entre as partes; a jovem protestou contra as regras da entrevista, solicitou perguntas mais explícitas e sugeriu alterações nas regras, insistindo no modelo convencional de entrevista. Compondo o espaço de interação da entrevista, observaram-se os macro-contextos que marcaram a narração: vozes doutrinárias das instituições voltadas para autores de infração, vozes da família, vozes auto-afirmativas dos pares de delinqüência, vozes de auto-afirmação e de auto-censura entre outras. Em termos da construção narrativa do self, o relato da entrevistada revelou as contradições e incoerências entre posições do "eu" ao longo da interação. No modo como se apresentou, ressoam as vozes pessoais e coletivas de parentes, juízes, assistentes sociais, psicólogos e outras personagens com as quais dialogou no trabalho de dar-se a conhecer à sua ouvinte e a si mesma.
ABSTRACT
This paper discusses the concepts of dialogism and polyphony as developed by Bakhtin in his literary studies as well as some formulations inspired by his works which are applied to human sciences research, especially to psychology. The aim is to outline the dialogical perspective on the polyphonic novel (Bakhtin, 1936/2008) and in the context of studies on self and narrative identity (Hermans, 1996, 2001), and discuss their implications for the understanding of the autobiographic narrative of a young woman who has undergone judicial measures due to conflict with the law. In the narrative analysis, we identified the effects of meaning produced in the interaction between interviewer and interviewee and the narrator's personal position repertoire. It was observed that the use of Narrative Interview (Schütze, 1992), which recommends the interviewer to avoid direct questions, resulted in an interchange marked simultaneously by cooperation and conflict, that may be understood by dialogical theory. As an asymmetrical inter-subjective space the interview process revealed coping and power negotiation strategies; the interviewee protested against the interview's rules, asked for direct questions and suggested alteration of the rules insisting on a more conventional type of interview. Composing this interaction space were observed the narration's macro-contexts: voices from institutions responsible for delinquent youth, family voices, self affirmative voices of peers involved in infractions, voices of self reprehension and so on. In terms of self narrative construction her account revealed contradictions and inconsistencies of I-positions throughout the interaction. In her self presentation can be heard personal and collective voices of relatives, judges, social workers, psychologists and other characters with whom she maintained dialogue in her task of making herself comprehensible for her listener and intimately for herself.
Assuntos

Texto completo: DisponíveL Índice: LILACS (Américas) Assunto principal: Poder de Polícia / Entrevista Psicológica Tipo de estudo: Pesquisa qualitativa Limite: Adolescente / Feminino / Humanos / Masculino Idioma: Português Revista: Rev. mal-estar subj Assunto da revista: Psicologia Ano de publicação: 2010 Tipo de documento: Artigo País de afiliação: Brasil Instituição/País de afiliação: Universidade Federal do Ceará/BR / Universidade de Fortaleza/BR

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