Abuso de solventes voláteis: aspectos epidemiológicos, médico-psicológicos e experimentais

RESUMO

A presente revisäo discute aspecto epidemiológicos, médico-psicológicos e experimentais do uso e abuso de solventes voláteis, principalmente a partir de 1940. Segundo dados da literatura internacional, o abuso de solventes praticamente se restringe a certos segmentos da populaçäo, como minorias étnicas, nos países desenvolvidos. Entretanto, em países da América Latina (por ex, México, Costa Rica), o abuso destas drogas é mais difundido e tem aumentado consideravelmente nos últimos anos. Em nosso meio, dados preliminares mostram que os solventes orgânicos se constituem numa das drogas mais usadas pela populaçäo jovem e por crianças de baixa renda da cidade de Säo Paulo. Os efeitos agudos do tolueno e n-hexano (constituintes mais importantes de várias colas brasileiras) no ser humano incluem uma primeira fase de excitaçäo, euforia, exaltaçäo, pertubaçöes auditivas, visuais, náuseas, fotofobia, tosse, espirros e sialorréia, evoluindo para uma depressäo progressiva do SNC, chegando à desorientaçäo, alucinaçöes, inconciência, com convulsöes e morte. Os efeitos da exposiçäo crônica a estes solventes, no ser humano, ligados à inalaçäo ocupacional ou ao abuso intencional destas substâncias, incluem várias alteraçöes neurológicas periféricas e centrais, alteraçöes psiquiátricas e comportamentais, alaém de alteraçöes metabólicas em diversos órgäos, comumente descritas. Do ponto de vista experimental, os estudos animais corroboram as alteraçöes clínicas encontradas no homen e mostram a interaçäo dos solventes entre si e com outras drogas de corrente uso