Sífilis congênita no município de Belém, Pará: análise dos dados registrados nos sistemas de informação em saúde (SINAN, SIM e SINASC) / Congenital syphilis in the city of Belém, Pará: analysis of data recorded in health information systems (SINAN, SIM e SINASC)

RESUMO

A sífilis congênita (SC) permanece até hoje como problema de saúde pública tanto no Brasil quanto em outras partes do mundo. A assistência pré-natal de qualidade, constitui-se ferramenta valiosa para o controle da doença. Objetivos: Estudar os casos de sífilis congênita em recém-nascidos no município de Belém (PA) no período de 2004 a 2008, onde também foi analisada a incidência e o sub-registro de SC através da comparação com as informações registradas no SINAN, SIM e SINASC. Métodos: Estudo ecológico, cujas unidades de análise foram os oito distritos administrativos de Belém utilizando dados secundários do SINAN, SIM e SINASC no período de 2004 a 2008 de pessoas residentes no município. Para conhecer o número de casos de SC foi construída uma base de dados única com os dados originários do SINAN E SIM, a proporção de subregistro de SC tomou por base as informações exclusivas do SIM, a incidência foi calculada por ano para o período de 2004 a 2008 segundo distrito administrativo, em seguida cada observação do banco nominal do SINAN foi pareada com a respectiva informação disponível na DNV que constava no arquivo nominal do SINASC. A normalidade da distribuição das variáveis investigadas foi avaliada através do teste de Kolmogorov-Smirnov. Por todas as variáveis apresentarem aderência à normalidade foi empregado coeficiente de correlação de Pearson. Resultados: Foram identificados no SINAN 245 casos de sífilis congênita, sendo que 233 eram recém-nascidos de mães residentes em Belém. No SIM foram registrados 22 óbitos por sífilis congênita. No total, foram encontrados 255 casos, o que equivale a uma subnotificação de 8,63 por cento no SINAN. Ao longo do período do estudo, a subnotificação oscilou de 0,00 por cento, em 2006 a 25,81 por cento em 2007. A incidência de sífilis congênita nos anos de 2004, 2005 e 2008 foi superior à média encontrada no período (2,17/1000 NV), sendo a maior (3,26/1000NV) observada no ano de 2005. A ausência de informações em relação a algumas variáveis do SINAN mostrou alguns distritos com proporção superior a 80%, constituindo-se em um grave problema quanto à qualidade dos dados. Conclusão: A SC, em Belém, persiste como problema de saúde pública, mantendo incidência acima do limite aceito para o alcance de sua eliminação, com níveis expressivos de subregistro. As informações obtidas nos sistemas de informação revelaram uma situação desfavorável comprometendo a análise dos dados. É urgente a necessidade de promover a capacitação dos profissionais que atuam na rede básica de saúde, quanto à assistência pré-natal de qualidade e uniformidade de condutas de vigilância da sífilis e da SC, que é um agravo de notificação obrigatória e de fácil prevenção.