Repercussões da violência intrafamiliar: Um estudo com mulheres em acompanhamento psicológico / Repercussions of intrafamily violence: A study with women undergoing psychotherapy

RESUMO

O presente estudo objetivou conhecer o significado e as repercussões da experiência de violência de mulheres que tiveram acompanhamento psicológico em duas unidades de saúde do municípiode Porto Alegre (RS). O método teve delineamento qualitativo, exploratório e retrospectivo por meio de estudo de casos múltiplos. Participaram do estudo quatro mulheres submetidas à técnica de psicoterapia de apoio pela Psicologia do Programa de Residência Multiprofissionalem Saúde da Família e Comunidade da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Os dados foram coletados em relatos de casos, genogramas e prontuário da família. Os resultadosmostram que a demanda da violência não foi o motivo principal da busca por atendimento psicológico. As situações de violência foram reveladas ao longo do tratamento, sendo todas do tipo intrafamiliar com início na infância. Observou-se a ausência de um significado subjetivo da experiência de violência e a horizontalidade da violência na vida. A principal repercussão subjetiva percebida nas mulheres estudadas é a perpetuação da violência nas relações atuais.

ABSTRACT

The purpose of this study was to understand the meaning and repercussions of violent experienceslived by women. The women studied underwent psychotherapy in two primary health care units in the city of Porto Alegre. This multiple case study was of a qualitative, exploratory, and retrospective nature. The study's participants were four women treated using supportive psychotherapy by the Pontifícal Catholic University of Rio Grande do Sul Family and Community Health Multiprofessional Residency Program. Data was collected from case reports, genograms, and family records. The study's results show that violent experiences were not the main reason for seeking psychological care. The individual events that constituted these violent experiences were revealed progressively through therapy. All reported events were domestic and first occurring in childhood. The absence of an attributed subjective meaning to the violent experience was observed, along with the horizontality of violence in the participants' lives. The main subjective repercussion perceived by the participants was the perpetuation of violence in their current relationships.