Biblioteca Virtual en Salud

O Tracoma é um afecção inflamatória ocular crônica recidivante, provocada pela bactéria chlamydiatrachomatis, em consequência de infecções repetidas, resulta em baixa acuidade visual e posteriormente cegueira. É uma doença negligenciada e faz parte do programa GET 2020 (global elimination of Trachoma) da OMS, que tem como objetivo eliminar o tracoma como causa de cegueira até o ano de 2020. O presente trabalho objetivou-se analisar a situação epidemiológica do tracoma por amostragem domiciliar com áreas de risco social em quatro setores censitários de municípios da V região de saúde do estado de Pernambuco, no ano de 2014. O inquérito faz parte de um termo de cooperação entre a secretaria de vigilância em saúde e a Fiocruz realizado a partir de uma amostragem probabilística domiciliar da população com idade de 1 a 9 anos residentes em áreas de risco. Para efeito desta análise foram considerados os resultados de 4 dos 98 setores censitários selecionados para o estado de Pernambuco. Os dados foram coletados no ano de 2014. Realizou-se exames oculares externos, utilizando lupa de de 2,5X de aumento por técnicos padronizados. Foram também aplicados questionários com variáveis relacionados a condições de vida e dados sócio demográficos. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de ética do CPqAM/FIOCRUZ. Foram visitados 994 domicilios nos setores censitários dos municípios de Águas Belas, Angelim, Canhotinho e Capoeiras. Destes 221 residiam crianças de 1 a 9 anos, que preenchiam o critério de inclusão no estudo. Foram examinados 807 pessoas sendo 307 crianças na faixa etária de interesse sendo encontrados um total de 69 casos, sendo 31 em crianças de 1 a 9 anos de idade. Os quatro setores censitários investigados Águas Belas, Angelim, Canhotinho e Capoeiras apresentaram a taxa de detecção, de (6,2%), (14,9%), (12,8%), (3,5%), respectivamente. De modo geral a taxa de detecção média foi de 8,6%, acima do preconizado pela OMS. Nos setores censitários investigados foram encontrados casos de tracoma folicular acima dos parâmetros que a OMS preconiza (abaixo de 5%) para considerar a área livre da doença. Desta forma, conclui-se que a doença ainda é um problema de saúde pública sendo assim recomenda-se que a gestão de saúde, em articulação com outros setores, como as secretarias de educação e de infraestrutura, envidem esforços para reverter este quadro.