INTRODUÇÃO: Estima-se que cerca de 5% dos
pacientes com
sarcoidose pulmonar /sistêmica possam evoluir com manifestações cardíacas da
doença , tais como distúrbios de condução, arritmias ventriculares e
insuficiência cardíaca . No entanto, a verdadeira
prevalência da
sarcoidose cardíaca (SC) é incerta e provavelmente subestimada, uma vez que muitos indivíduos apresentam
sintomas inespecíficos ou
doença subclínica.
RELATO DE CASO Paciente de
sexo feminino , 47 anos, abriu o quadro com
artrite simétrica dos tornozelos, piorando progressivamente ao longo do
tempo . Após 6 meses, notou aparecimento de nódulos subcutâneos eritematosos em
membros inferiores e alterações oftalmológicas caracterizadas como
uveíte . Com 18 meses de evolução e ainda sem
diagnóstico , apresentou
dispnéia progressiva e
sintomas constitucionais. Nesse momento, a
paciente foi internada. A
tomografia de
tórax revelou
adenopatia hilar bilateral e a
biópsia por vídeotoracoscopia evidenciou processo granulomatoso não caseoso. Com
diagnóstico de
sarcoidose , iniciou-se então
tratamento com
metotrexato , obtendo-se remissão do quadro ao longo de 2 anos. No entanto, 2 meses após a
suspensão da
medicação , a
paciente passou a referir
dor torácica , palpitações e episódios de
bradicardia não melhor caracterizada. Ecocardiograma e Holter de 24 horas sem alterações.
Ressonância magnética (RM) do
coração evidenciou realce tardio mesocárdico linear em parede inferolateral e médioapical do VE. Frente a esses achados e a elevação dos níveis de
Enzima Conversora da
Angiotensina (ECA), optou-se por reinstituir o
tratamento com
metotrexato , seguido de nova remissão da
doença . DISCUSSÃO A
Síndrome de Löfgren, caracterizada por
adenopatia hilar bilateral,
eritema nodoso e
artrite , é a manifestação clínica clássica da
sarcoidose .Apesar da exuberância do quadro clínico, o
diagnóstico ainda é um desafio, assim como evidenciado pela longa jornada de 18 meses desta
paciente até o
diagnóstico . A
incidência de
sarcoidose cardíaca vem aumentando em função da maior disponibilidade de RM e
PET Scan , chegando a ser detectada em 20-25% dos
casos . A maioria dos
casos atualmente são subclínicos ou
oligossintomáticos , mas alguns
pacientes podem desenvolver um padrão de
inflamação extensa,
cicatrizes miocárdicas,
disfunção ventricular ,
bloqueio atrioventricular total e arritmias ventriculares malignas.
CONCLUSÃO: A
incidência de SC vem aumentando em função do
diagnóstico precoce de formas mais leves. Acompanhar estes
pacientes a partir da fase pré-clínica pode prevenir a evolução para
estágios mais graves da
doença .