A Enfermidade na infância: um estudo sobre a doença em crianças hospitalizadas / The illness in the childhood a study on the disease in hospitalized children
Estatísticas mundiais de mortalidade infantil, concluí-se que, sem dúvida, a necessidade mais urgente para as crianças é a sobrevivência. As causas mais prevalentes de morte, observamos que säo, em grande maioria, passíveis de controle, principalmente se comparados os países desenvolvidos e subdesenvolvidos entre si. É inquestionável a eficácia do tratamentomédico tradicional, intervindo tecnicamente em condiçöes predominantemente biológicas - ainda que sua efetividade nem sempre seja um fato, dadas outras condiçöes intervenientes. A hospitalizaçäo da criança surge neste contexto de maior efetividade do ato médico, na medida em que se diminuem os efeitos contrários das condiçöes de moradia, da estrutura familiar, da situaçäo econômica e mesmo da administraçäo dos cuidados médicos propriamente ditos. Mas a criança näo é só corpo, e apesar dos distúrbios emocionais não agirem com grande impacto na mortalidade infantil, estima-se que ao redor de quatro milhöes de crianças no mundo inteiro sofram seriamente destas afecçöes. Estudos nas áreas antropológica e social, como o de MICELA (1984), têm reiteradamente mostrado que através das consciências psicológicas individuais pode-se compreender näo só o individual de cada um, mas todo um complexo de forças e de consciência coletiva que ali transparecem - e que säo o fundamento de sua constituiçäo enquanto individual. Os estudos interdisciplinares têm procurado colocar a criança como um sujeito e uma unidade e, como tal, sua resposta emocional a enfermidade e a hospitalizaçäo é um fato incontestável. Outros têm procurado demonstrar que representaçöes aplatonicas, agostinianas e cartesianas da infância permaneceram inalteradas ao longo dos séculos como um fundo ideológico, obscurecendo nossa visäo da criança como um todo - apesar de estarmos vivendo o "século da criança". Assim conhece-se suas representaçöes a respeito da enfermidade, dos procedimentos técnicos, da hospitalizaçäo e daqueles que dela cuidam. Mais especificamente e através do que vê-se, ouvi-se e sente-se - aventura-se a dizer algo sobre a singularidade da criança, e sobre esta criança que habita em todos nós. Enfim, um outro olhar e novas questöes.(AU)