Revisamos nossa experiência com
carcinoma epidermóide metastático (CEM) para o
pescoço com
tumor primário desconhecido com a
intenção de evidenciar quando o
tratamento radioterápico exclusivo ou o
tratamento cirúrgico seguido de
radioterapia teriam impacto positivo sobre a
sobrevida. Este é um estudo retrospectivo de 54
pacientes com CEM
tratados na Seção de
Cirurgia de
Cabeça e
Pescoço do
Hospital do Câncer/INCa entre 1986 e 1992. Quarenta e oito
pacientes (89 por cento) eram do
sexo masculino, a idade média foi de 54 anos. Quarenta
pacientes tinham
metástase para
linfonodos cervicais da cadeia jugular interna alta (nível 2). Utilizamos a
classificação TNM da UICC de 1992 para estagiar os
pacientes, onde oito
pacientes foram classificados como N1, vinte como N2, 22 como N3, sendo que quatro
pacientes permaneceram não classificados. Todos foram submetidos a
endoscopia do trato aerodigestivo superior e
raio X de
tórax. Trinta e cinco
pacientes foram submetidos a
biópsia de aspiração com agulha fina. Trinta e oito
pacientes tiveram
tratamento com
intenção curativa e 16 tiveram
tratamento paliativo com
radioterapia. Dos
pacientes tratados com
intenção curativa, dez foram submetidos a
esvaziamento cervical e 28 tiveram
tratamento exclusivo com
radioterapia. Os 16
pacientes tratados com
intenção paliativa foram excluídos dos
cálculos de
sobrevida e
análise das recidivas. As recidivas cervicais foram analisadas usando o
método do qui-quadrado, e as curvas de
sobrevida foram comparadas usando-se o teste de Wilcoxon. A
biópsia aspirativa com agulha fina alcançou o
diagnóstico em 85 por cento dos
casos. Oito
pacientes (15 por cento) apresentaram
metástase à distância. O
tumor primário foi identificado subsequentemente em 9 por cento dos
pacientes. Dezoito
pacientes (64 por cento)
tratados com
radioterapia exclusiva tiveram recidivas no
pescoço, e três
pacientes (33 por cento)
tratados com
cirurgia +
radioterapia tiveram recidivas no
pescoço (p=0,05). Os
pacientes classificados como N2/N3
tratados com
cirurgia +
radioterapia tiveram melhores resultados do que os
tratados com
radioterapia exclusiva (respectivamente p=0,05 e p=0,09). Os
pacientes N1 tiveram melhor
sobrevida livre de
doença do que os
pacientes N2/N3 (respectivamente p=0,007 e p=0,007). A
sobrevida livre de
doença em cinco anos foi de 69 por cento para os
pacientes N1, 11 por cento para os
pacientes N2 e 15 por cento para os
pacientes N3. A
sobrevida livre de
doença para todos...