A
infecção pelo
HIV é um problema de
saúde pública global, sendo estimadas 33,4 milhões de
pessoas vivendo infectadas no final de 2008 (UNAIDS, 2009). No
Brasil, desde o início da
epidemia até junho de 2010, foram registrados 592.914
casos de
síndrome da imunodeficiência adquirida (
SIDA/
AIDS) pelo Ministério da
Saúde (Ministério da
Saúde, 2010). Em 1996, com o início da
terapia HAART (Highly Active Antiretroviral Therapy) ocorreu uma importante melhora do
prognóstico, diminuição da
letalidade, aumento na
sobrevida dos
pacientes HIV positivo, gerando uma mudança nas
causas de internação. A
incidência sepse na
população geral vem aumentando, assim como na
população HIV positivo. Foi demonstrado que a presença de
sepse e
sepse grave foi determinante na
mortalidade da
população HIV positivo. Acompanhamos prospectivamente
pacientes HIV/
SIDA, com critérios de
sepse de acordo com a
Conferência de Consenso da American College of Chest Physicians/ Society of Critical Care Medicine (ACCP/SCCM), onde as características clínicas e o
prognóstico destes
pacientes foram sistematicamente avaliados, bem como o padrão de resposta inflamatória frente a um quadro infeccioso graveForam incluídos 30
pacientes, com mediana da idade de 35 anos (IQ 18-58), com predomínio do
sexo masculino (73 por cento). A
mortalidade hospitalar observada foi de 50 por cento. A contagem de
CD4 positivo deste
pacientes foi 72 (mediana, IQ 16-190), e a
carga viral de 33.028 cópias (mediana, IQ 2877-434.237) O principal sítio de
infecção foi pulmonar, em 23
pacientes (76,7 por cento ). 10
pacientes apresentaram
bacteremia confirmada (33 por cento). O principal agente identificado foi
Mycobacterium tuberculosis (22 por cento). Não observamos nenhum parâmetro clínico nos
pacientes HIV positivo com
sepse que estivesse associado com
prognóstico. As concentrações plasmáticas de
cortisol,
IL-6,
IL-10 e
G-CSF foram significativamente maiores entre os
pacientes não
sobreviventes em relação aos
sobreviventes. Quando comparamos os
pacientes HIV positivo sépticos com
pacientes sépticos não-
HIV a
taxa de mortalidade não foi diferente. A mediana do SOFA nos
pacientes sépticos
HIV positivo e não-
HIV foram 8 e 10 pontos, respectivamente; a mediana do
SAPS II em ambos os grupos foi 55 pontos. Níveis de
citocinas plasmáticas detectadas pelo sistema multiplex de
pacientes sépticos (
HIV positivo e não-
HIV) no primeiro dia da
sepse não apresentaram diferença significativa entre os gruposComparando a concentração plasmática do MIF en
pacientes sépticos (
HIV positivo vs não-
HIV), estavam maiores nos
pacientes HIV positivo (2,730 vs 0,7700 ng/mL, P=0,01), e os níveis de
cortisol encontrados eram
menores no grupo
HIV positivo.
Cortisol,
IL-6,
IL-10, e
G-CSF são possíveis
biomarcadores de
prognóstico na
população HIV+ com
diagnóstico de
sepse.
Pacientes HIV+ com
sepse apresentam concentrações plasmáticas de MIF maiores que a
população geral, o que pode estar relacionado com a própria
infecção pelo
HIV, embora este achado deva ser melhor investigado. Embora os
pacientes HIV positivo tenham um comprometimento da
imunidade celular, o padrão de ativação da
imunidade inata frente a um quadro infeccoso grave, em especial da
produção de
citocinas, não difere tanto da
população não-
HIV.