Estágio Curricular Supervisionado: relato da experiência discente em uma unidade básica de saúde

Objetivo: relatar experiências vivenciadas por estagiárias de enfermagem, da Universidade Federal do Vale do São Francisco, durante as atividades de estágio em uma Unidade Básica de Saúde do município de Petrolina-PE. Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, desenvolvido a partir da atuação das estagiárias em um serviço de atenção básica no período de janeiro a abril de 2022. Descrição da experiência: As atividades desenvolvidas durante esse período mostraram os desafios que envolvem a rotina do profissional de enfermagem, bem como suas atribuições e responsabilidades com a população adscrita. Destaca-se que a experiência permitiu a aproximação com o Sistema Único de Saúde em um contexto de pandemia, sendo possível identificar as dificuldades enfrentadas na rotina e a necessidade de reinventar o processo de trabalho para garantir assistência de qualidade aos usuários. As atividades desenvolvidas e/ou acompanhadas foram: atendimento aos sintomáticos respiratórios; atendimento às pessoas com arboviroses; notificação de doenças e agravo; vacinação; saúde da mulher e planejamento familiar e reprodutivo; pré-natal; desfecho de gestação; saúde da criança e adolescente; ações voltadas ao rastreio e tratamento de casos de hanseníase; curativos e outros procedimentos; consulta compartilhada; visita domiciliar; territorialização e perfil epidemiológico; e gerenciamento de serviços de saúde. Conclusões: O Estágio Curricular Supervisionado configurou-se como ferramenta importante para o crescimento pessoal e profissional, a partir da aproximação com o cenário de trabalho e vivências que exigiam o raciocínio clínico para a tomada de decisão em enfermagem.

Minha cor não é essa, essa é a cor do remédio: imagem corporal de menores de 15 anos que tiveram hanseníase em Petrolina-PE e Juazeiro-BA / My color is not like this, this is the color of the medicine: body image of individuals under 15 years old who had leprosy in Petrolina, PE and Juazeiro, BA

Este artigo teve por objetivo compreender as repercussões da hanseníase na imagem corporal em menores de 15 anos afetados pela hanseníase. Participaram do estudo quatorze crianças e adolescentes menores de 15 anos que estavam cadastrados no programa de controle da Hanseníase de Petrolina-PE e Juazeiro-BA e que tiveram alta por cura. Utilizou-se a técnica de entrevista semiestruturada, que abrangeu questões norteadoras sobre a vivência da criança e do adolescente com a doença, abordando aspectos familiares, sociais e percepções advindas da experiência. Os dados obtidos foram analisados a partir do interacionismo simbólico e da sociologia de Erving Goffman, levando-se também em consideração leituras mais contemporâneas sobre performatividade. A partir das narrativas produzidas, buscou-se destacar os aspectos da imagem corporal da criança e do adolescente que tiveram hanseníase, organizados em eixos temáticos: imagem corporal, efeitos da hanseníase, racialização da doença e seus desdobramentos. Verifica-se que o elemento predominante da pesquisa ancora-se no corpo adoecido e marcado, imagens presentes em todas as entrevistas. Desse modo, para os participantes adoecidos pela hanseníase, o corpo é tido como "feio", "doente" e "rejeitado", sendo tal imagem corporal associada a repercussão negativa na sua autoimagem.

This article aimed to understand the repercussions of leprosy on body image in individuals under 15 years old affected by leprosy. Fourteen children and adolescents under 15 years old who were registered in the Leprosy Control Program of Petrolina-PE and Juazeiro-BA and who had been discharged as cured participated in the study. A semi-structured interview technique was used, covering guiding questions about the experiences of the child and adolescent with the disease, addressing family, social aspects, and perceptions arising from the experience. The data obtained were analyzed using symbolic interactionism and Erving Goffman's sociology, also taking into consideration more contemporary readings on performativity. Based on the narratives produced, the aspects of body image of children and adolescents with leprosy were highlighted and organized into thematic axes: body image, effects of leprosy, racialization of the disease, and its consequences. It is evident that the predominant element of the research is anchored in the diseased and marked body images present in all interviews. Thus, for participants afflicted by leprosy, the body is perceived as "ugly," "sick," and "rejected," and such body image is associated with a negative impact on their self-image.

Limites e intolerâncias de mulheres sobreviventes do abuso sexual infantil / Limits and intolerances of women surviving child sexual abuse

Objetivo: identificar os limites de tolerância de mulheres diante do abuso sexual sofrido na infância. Método: trata-se de estudo qualitativo, descritivo, desenvolvida num Centro de Atenção à Mulher em Situação de Violência. Obtiveram-se os dados por meio de entrevista aberta aplicada a nove mulheres e se discutiram as contribuições da Sociologia Compreensiva e do Cotidiano em suas noções sobre senso do limite, trágico e teatralidade pela Análise de Conteúdo. Resultados: elencaram-se as categorias ­ "Da repetitividade ao limite de tolerância", que fez revelar o abuso sexual, "Valendo-se da emoção para expressar vivências trágicas de abuso sexual" e "A potência subterrânea de sobreviventes do abuso sexual". Conclusão: conclui-se que o trabalho sintetiza o silêncio como a principal forma de resistência aos repetitivos episódios de abuso sexual, aspecto que aguçou o senso do limite das participantes para fazer emergir a potência subterrânea que as possibilitou afrontar a vivência trágica e revelar os segredos e ressentimentos para dar seguimento às suas vidas.(AU)

Objective: to identify the limits of tolerance of women to the sexual abuse suffered in childhood. Method: this is a qualitative, descriptive study developed at a Center for Attention to Women in Situation of Violence. The data were obtained through an open interview applied to nine women and the contributions of Comprehensive Sociology and Daily Life were discussed in their notions about limit sense, tragic and theatricality by Content Analysis. Results: "From repetitiveness to tolerance," which revealed sexual abuse, "Using Emotion to Express Tragic Lives of Sexual Abuse," and "The Underground Power of Survivors of Sexual Abuse." Conclusion: it is concluded that the work synthesizes silence as the main form of resistance to the repetitive episodes of sexual abuse, an aspect that sharpened the sense of the limit of the participants in order to emerge the subterranean power that allowed them to face the tragic experience and reveal the secrets and resentments to follow up on their lives.(AU)

Objetivo: identificar los límites de tolerancia de las mujeres frente al abuso sexual sufrido en la infancia. Método: se trata de un estudio cualitativo, descriptivo, desarrollado en un Centro de Atención a la Mujer en Situación de Violencia. Se obtuvieron los datos por medio de una entrevista abierta aplicada a nueve mujeres y se discutieron las contribuciones de la Sociología Comprensiva y del Cotidiano en sus nociones sobre el sentido del límite, trágico y teatralidad por el Análisis de Contenido. Resultados: se enumeran las categorías - "De la repetitividad al límite de tolerancia", que hizo revelar el abuso sexual, "Valiéndose de la emoción para expresar vivencias trágicas de abuso sexual" y "La potencia subterránea de sobrevivientes del abuso sexual". Conclusión: se concluye que el trabajo sintetiza el silencio como la principal forma de resistencia a los repetitivos episodios de abuso sexual, aspecto que aguzó el sentido del límite de las participantes para hacer emerger la potencia subterránea que las posibilitó afrontar la vivencia trágica y revelar los secretos y resentimientos para dar seguimiento a sus vidas.(AU)

Perfil sociodemográfico e clínico de mortalidade materna / Sociodemorgraphical and clinical profile of maternal mortality

Objetivo: conhecer o perfil sociodemográfico e clínico sobre a mortalidade materna. Método: trata-se de estudo quantitativo, transversal e descritivo, sendo o universo da pesquisa composto por todos os óbitos maternos ocorridos no período de 2004 a 2015 no Estado da Bahia/Brasil. Deu-se a coleta de dados por meio de dados secundários disponíveis on-line no Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde. Utilizaram-se para a tabulação e a análise dos dados, o programa Microsoft Office Excel, versão 2016, apresentando-se os resultados em forma de tabelas e figuras. Resultados: constatou-se que o número de mortes maternas no período analisado correspondeu a 1.907, com maior prevalência na faixa etária entre 20 e 29 anos (39,12%), em mulheres de cor parda (59,25%), solteiras (50,87%) e a ocorrência em ambiente hospitalar (88,99%). Viu-se que as causas obstétricas diretas (61,46%) ocorreram significativamente por eclâmpsia (12,89%). Conclusão: evidenciam-se nos resultados que a mortalidade materna é um grave problema de saúde pública e que o conhecimento sobre as circunstâncias e ocorrências das mortes maternas é fundamental para o planejamento de ações e estratégias de saúde.(AU)

Imagem corporal de mulheres que sofreram violência física / Body image of women who suffered physical violence

Objetivo: compreender as repercussões da violência física na imagem corporal da mulher. Método: estudo qualitativo, descritivo e exploratório desenvolvido com cinco mulheres acompanhadas pelo Centro de Atenção à Mulher em situação de violência. Os dados foram produzidos a partir de entrevistas semiestruturadas e analisados pela técnica do Discurso do Sujeito Coletivo. Resultados: dos discursos, emergiram quatro Ideias Centrais Síntese - Repercussões da violência na imagem corporal da mulher; Associação do local da lesão e imagem corporal; Adoecimento físico e Adoecimento mental. Conclusão: a violência física sofrida por parceiro íntimo afetou a autoimagem e desencadeou o adoecimento físico e emocional das participantes, sendo necessário, às equipes interprofissionais no atendimento à mulher que sofreu violência física, um olhar sensível e solidário no planejamento e na execução do cuidado de forma a não se limitar ao tratamento das lesões físicas.(AU)