ABSTRACT
INTRODUÇÃO: A Disjunção do Anel Mitral (DAM) é definida como o deslocamento superior do anel valvar em relação ao miocárdio ventricular esquerdo (parede inferolateral). Sua presença, associada ou não ao Prolapso de Valva Mitral (PVM), já foi demonstrada na literatura como fator preditor de arritmias ventriculares malignas, constituindo a chamada Síndrome Arritmogênica da Disjunção do Anel Mitral, assunto ainda recente, porém de extrema importância na prática clínica. RELATO DE CASO: Paciente de 21 anos, masculino, sem comorbidades, com síncopes aos esforços, precedidas por palpitações e tonturas. Ao exame: sopro sistólico regurgitativo em foco mitral 3+/6+. Ritmo sinusal, sobrecarga de átrio esquerdo (AE) e ventrículo esquerdo (VE), bigeminismo ventricular, com morfologia de origem em músculos papilares do VE. Ecocardiograma transtorácico: AE com volume indexado de 65 ml/m², Diâmetro diastólico e sistólico final do VE, 61 e 41mm respectivamente. Fração de ejeção do VE 60%. Valva mitral com cúspides espessadas, aspecto de degeneração mixomatosa e prolapso de ambas as cúspides. Ao Doppler, refluxo de grau importante. Insuficiência tricúspide discreta. PSAP: 38 mmHg. Teste Ergométrico, com protocolo Bruce modificado, submáximo, interrompido com FC de 113 bpm por exaustão e tonturas. Alta densidade de arritmias ventriculares isoladas, pareadas, bigeminadas e polimórficas, mais frequentes no pico do esforço e na recuperação. MET: 10,1. Capacidade aeróbica regular para idade e sexo. Holter 24 horas: FC média de 73 bpm, ritmo sinusal. Presença de extrassístoles ventriculares muito frequentes, isoladas, pareadas, bigeminismo, polimórficas e de ocorrência aleatória nas 24 horas. Ressonância magnética do coração: FEVE: 54 %. Valva mitral com sinais de calcificação, folhetos prolapsados e volume do jato de regurgitação mitral de 77 ml/ batimento, indicando regurgitação importante. Ausência de áreas de realce tardio sugestivas de fibrose miocárdica. Observada disjunção do anel mitral, com medida de 21 mm (Figura 1). Iniciado metoprolol 25 mg/ dia e encaminhado paciente para cirurgia. CONCLUSÃO: Trata-se de paciente jovem, com insuficiência mitral importante, secundária a PVM, em estágio D (AHA), com síncopes, arritmias ventriculares e função do VE normal. No ECO e RNM visualizou-se importante Disjunção do Anel Mitral (DAM).
Subject(s)
Arrhythmias, Cardiac , Mitral Valve ProlapseABSTRACT
INTRODUÇÃO: A insuficiência mitral e tricúspide secundárias à dilatação dos átrios (IMA) é uma entidade clínica de prevalência desconhecida que recentemente começou a ser descrita e estudada. Nos pacientes com fibrilação atrial e insuficiência cardíaca de fração de ejeção preservada (ICFEp) ocorre a dilatação do anel mitral e tricúspide levando à falha de coaptação das cúspides da valva mitral. RELATO DE CASO: Paciente de 61 anos, masculino, com histórico de HAS e etilismo de longa data, em uso de atenolol 50 mg/dia, anlodipino 10 mg /dia, losartana 50 mg 2xdia, rivaroxabana 20 mg/dia, furosemida 40 mg/dia, refere ritmo cardíaco irregular, nega dispneia, edema, síncope ou palpitação, encaminhado para avaliação. Ao exame: sopro sistólico em foco mitral e tricúspide 4+/6+, regurgitativo. PA: 110 x 80 mmHg. FC: 88 BPM. Ritmo de fibrilação atrial. Ecocardiograma transtorácico mostrou: átrio esquerdo com volume indexado de 185 ml/m², Diâmetros diastólicos e sistólico finais do ventrículo esquerdo respectivamente de 51 e 32 mm. Fração de ejeção do ventrículo esquerdo 58%. Valva mitral com cúspides discretamente espessadas, refluxo de grau importante por dilatação de anel mitral. Valva tricúspide com cúspides finas, abertura e mobilidade preservada, refluxo importante, presença de PSAP estimada 47 mmHg. Realizado Teste Ergométrico (TE) associado a cintilografia de perfusão miocárdica (CPM) com Sestamibi/Tecnécio 99. TE protocolo Bruce: TE máximo, interrompido aos 12 minutos com FC 174 BPM (FC máxima calculada 159 BPM e submáxima 135 BPM) em fibrilação atrial de alta resposta ventricular e episódio taquicardia ventricular não sustentada, apresentou ainda extrassístoles ventriculares frequentes no pico do esforço com fenômeno de Ashman. VO2 estimado: 45,1 ml/Kg.min, MET: 12,9. Capacidade aeróbica excelente para idade e sexo. CPM evidenciou ausência de sinais de isquemia do miocárdio e função ventricular global preservada, paciente mantido em tratamento clínico. CONCLUSÃO: Trata-se de insuficiência mitral e tricúspidefuncionais, secundárias àdilatação dos átrios por ICFEP e FA de longa data. A princípio o tratamento é clínico com tentativa de reversão para ritmo sinusal, controle de frequência cardíaca, tratamento medicamentoso da insuficiência cardíaca e ainda se discute o benefício de tratamento cirúrgico.