ABSTRACT
Introdução. Mulheres que passaram por um abortamento correm risco de engravidar novamente 1 a 2 semanas após esta intercorrência. O aconselhamento em contracepção e a oferta de mét. contraceptivos ainda durante a hospitalização são parte da atenção pós-abortamento. As evidências mostram que o uso de mét. contraceptivos é alto quando são disponibilizados insumos e aconselhamento ainda durante a hospitalização. Contudo, nada se sabe a respeito das práticas contraceptivas de mulheres brasileiras que passaram por abortamento, tendo em vista que a atenção em contracepção nesse período não é adequada, provavelmente por conta das restrições legais em relação ao abortamento induzido no Brasil. Objs. Analisar as práticas contraceptivas pós-abortamento de mulheres e o efeito da atenção em contracepção no uso de mét. contraceptivos nos 6 meses após o abortamento. Mét. Trata-se de um estudo observacional do tipo longitudinal, com mulheres hospitalizadas por abortamento em uma maternidade pública da cidade de São Paulo. Aquelas que foram encontradas 1 mês após a alta hospitalar (n=147) foram entrevistadas mensalmente por telefone até 6 meses após o abortamento. As mulheres que relataram 1 gravidez confirmada nesse período foram excluídas do estudo. Conclusões. A atenção em contracepção pós-abortamento contribuiu positivamente para o uso de métodos contraceptivos 6 meses após o procedimento. O uso de métodos contraceptivos foi alto, mas as mulheres permaneceram em vulnerabilidade contraceptiva no primeiro mês pós-abortamento. A atenção em contracepção deve ser iniciada imediatamente após o abortamento, de forma a contemplar as intenções reprodutivas das mulheres tanto quanto as recomendações clínicas de espaçamento intergestacional, independentemente da legislação sobre interrupção voluntária da gravidez em vigor
