ABSTRACT
INTRODUÇÃO: As doenças cardiovasculares estão entre as principais causas de mortalidade global e, dentre elas, destaca-se a doença arterial coronariana (DAC), cujo diagnóstico precoce e prevenção ainda continuam sendo a melhor forma de tratamento. O conhecimento do perfil clínico e angiográfico dos pacientes portadores de DAC é extremamente importante para a avaliação de risco, a partir da quantificação da extensão e gravidade da doença, assim como para o planejamento terapêutico e sucesso do tratamento. O nosso objetivo foi avaliar o perfil clínico e angiográfico dos pacientes submetidos a exame diagnóstico de cineangiocoronariografia em centro clínico de alto volume. MÉTODOS: Foi realizado um estudo retrospectivo e descritivo do perfil clínico-angiográfico dos pacientes >18 anos submetidos à cineangiocoronariografia diagnóstica no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia de janeiro de 2011 a dezembro de 2018, excluindo os pacientes com cirurgia de revascularização prévia e doença valvar associada. Os dados foram obtidos por meio de um banco de dados institucional. RESULTADOS: Um total de 25649 pacientes foram incluídos, sendo 59,4% do sexo masculino, com média das idades de 66,1 anos. Os fatores de risco cardiovasculares mais frequentemente encontrados foram: hipertensão arterial sistêmica (80,5%), dislipidemia (60,5%), diabetes mellitus (32,3%), tabagismo (40,9%), e doença renal crônica (21,5%). O quadro clínico era de angina estável em 32,5%, síndrome coronariana aguda (SCA) sem supra de ST em 20,4% incluindo SCA com supra de ST em 6,1%, e isquemia silenciosa/assintomáticos em 37,5%. Em relação ao perfil angiográfico, a doença arterial coronariana obstrutiva significativa (>50%) foi uni-, bi- ou tri arterial em, respectivamente, 25,7%, 17,5% e 12,22%, além do tronco da coronária esquerda em 1,4%. A partir do exame diagnóstico, a intervenção coronária percutânea (ICP) foi realizada em 14,7% dos pacientes, predominantemente naqueles com apresentação clínica de SCA. Os vasos coronários tratados mais frequentes foram descendente anterior em 40,9%, coronária direita em 29,5% e circunflexa em 23,2%. O sucesso angiográfico foi evidenciado em 99,2% dos casos. Em relação aos desfechos clínicos na fase intra-hospitalar, foi reportado a ocorrência de óbito em 0,3% dos pacientes. CONCLUSÃO: A população estudada apresentou elevada prevalência de fatores de risco cardiovasculares e de doença coronária obstrutiva significativa. Já os pacientes submetidos a ICP subsequente, apresentaram elevada taxa de sucesso no procedimento. (AU)