ABSTRACT
INTRODUÇÃO: A reserva de fluxo fracionada (FFR) é um índice fisiológico invasivo extensamente validado, que demonstrou custo-efetividade e melhora de desfechos clínicos quanto utilizada para indicar a necessidade de revascularização em pacientes com doença arterial coronária. No entanto, sua utilização na prática clínica ainda é bastante pacientes de alto risco cirúrgico, o tratamento percutâneo se apresenta como uma alternativa segura e com resultados favoráveis a médio prazo. OBJETIVOS: Relatar a primeira experiência brasileira de implante percutâneo de bioprótese valvar para o tratamento de disfunção de bioprótese cirúrgica mitral (Valve-in Valve - VIV). MÉTODOS: Relatamos o tratamento de sete pacientes de alto risco cirúrgico portadores de disfunção de prótese biológica mitral tratados por implante de prótese transcateter balão expansível utilizando acesso venoso femoral e via transeptal. RESULTADOS: Entre junho de 2016 e dezembro de 2017, sete pacientes foram submetidos ao implante transcateter de bioprótese valvar (VIV) em posição mitral em 7 centros brasileiros. A mediana de idade foi 69 anos (IIQ 67-73,5), a mediana do escore STSPROM 8,5% (IIQ 5,9-14), todos com sintomas limitantes de insuficiência cardíaca (CF≥3) e três deles submetidos a mais de uma toracotomia prévia. Quatro (57,1%) casos apresentavam estenose pura da bioprótese cirúrgica, dois (28,6%) disfunção mista e um (14,3%) com insuficiência isolada. O posicionamento e implante da prótese foram realizados com sucesso em todos os pacientes, utilizando como guia o ecocardiograma 3D transesofágico e marcas radiopacas da bioprótese cirúrgica, quando existentes. Um (14,3%) paciente apresentou obstrução de via de saída de ventrículo esquerdo, com severa instabilidade hemodinâmica, evoluindo para óbito intraprocedimento. Detectou-se redução significativa do gradiente transvalvular e ausência de regurgitação residual em todos os casos. A mediana de tempo de internação foi de 5 dias (IIQ 3,3-8,75) após o procedimento. Seis (85,7%) pacientes apresentaram marcada melhora clínica (CF≤2) em seguimento de 30 dias. CONCLUSÃO: Descrevemos a primeira experiência brasileira de tratamento transcateter de disfunção de bioprótese cirúrgica mitral, utilizando acesso venoso femoral e via transeptal. Os dados apresentados corroboram a segurança, efetividade, curto tempo de internação e significativa melhora funcional demonstrada em séries internacionais. A obstrução da via de saída do VE é uma complicação potencialmente fatal, reforçando a importância da seleção adequada dos pacientes e planejamento do procedimento. (AU)