ABSTRACT
O trabalho tenta rastrear os processos intersubjetivos que podem estar na base da ocorrência de determinados estados emocionais do analista. É dada ênfase à ocorrência de identificações projetivas por parte dos pacientes, o que poderia explicar ditos estados. A recorrência frequente ao conceito de identificação projetiva como fator explicativo não só ampliou seu campo de abrangência como também alterou o significado original (uma fantasia) que Melanie Klein lhe atribuiu. Dada essa indevida e enganosa ampliação do poder explicativo do conceito, surge a necessidade de investigar outros processos cuja presença seria responsável por algumas reações emocionais ou, mesmo, atuações do analista. Algumas vias alternativas, já investigadas na literatura psicanalítica, são discutidas. O valor de uma discussão desse tipo reside na importância de se prover o campo da análise de instrumentos conceituais aptos a abordar os processos clínicos na sua dinâmica, evitando-se, assim, meras explicações fenomenológicas que, sem profundidade, acabam conferindo ao acontecer da sessão um aspecto mágico, até esotérico. A atenção a esses aspectos interacionais na análise recoloca em pauta, inevitavelmente, o confronto entre as concepções que privilegiam o plano intersubjetivo na situação analítica. Este encaminhamento da questão mostra que, se lidamos com um determinado enfoque e com seus conceitos correlatos, temos de alinhá-los, de forma coerente, a outros conjuntos de conceitos que fazem parte da trama teórica com a qual nos identificamos. Sem esse cuidado, nos arriscamos a transformar a teoria e o método psicanalíticos num quebra-cabeça cujas peças jamais se encaixam.
This paper attempts to keep track of the intersubjective processes which may support certain analysts emotional states. The author emphasizes the occurrence of projective identifications by the patient, which could explain those states. Often invoking the concept of projective identification as an explaining factor has not only enhanced its range, but also changed the original meaning - a fantasy - which was attributed to it by Melanie Klein. Due to that inappropriate and misleading enhancement of the explaining power of the concept, other processes whose presence would be responsible for some emotional reactions, or even some analysts actions, must be investigated. Some alternative ways, which have already been investigated in the psychoanalytic literature, are discussed. The value of this kind of discussion is found in the importance of providing conceptual apparatus to the psychoanalytic field; conceptual apparatus which are able to approach clinical processes in their dynamics. In this way, we avoid simple phenomenological explanations which end up providing a magical (or even esoteric) aspect to the session. The attention to these interactional aspects in the analysis unavoidably brings in the confrontation among the conceptions which favor the intersubjective plan in the psychoanalytic situation. Conducting the matter in this way demonstrates that, if we handle certain approach and its correlative concepts, we must coherently conform them to other set of concepts which belong to the theoretical plot with which we identify. Without being aware of this, we risk to transform psychoanalytic theory and method into a puzzle whose pieces will never form a coherent picture.
El trabajo intenta rastrear los procesos intersubjetivos que pueden estar en la base de la aparición de determinados estados emocionales del analista. Se enfatiza la aparición de identificaciones proyectivas por parte de los pacientes, lo que podría explicar dichos estados. La recurrencia frecuente al concepto de identificación proyectiva como factor explicativo no solo amplió su campo de alcance, sino que también alteró el significado original (una fantasía) que le atribuyó Melanie Klein. Dada esta ampliación indebida y engañosa del poder explicativo del concepto, surge la necesidad de investigar otros procesos cuya presencia sería responsable por algunas reacciones emocionales o, incluso, actuaciones del analista. Algunas vías alternativas, ya investigadas en la literatura psicoanalítica, son discutidas. El valor de una discusión de este tipo está en la importancia de proveer el campo de análisis de instrumentos conceptuales aptos para abordar los procesos clínicos en su dinámica, evitando meras explicaciones fenomenológicas que, sin profundidad, acaban concediendo a la sesión un aspecto mágico, incluso esotérico. La atención a estos aspectos interactivos en el análisis vuelve a sacar a la luz, inevitablemente, el enfrentamiento entre las concepciones que dan privilegio al plano intersubjetivo en la situación analítica. Esta presentación del tema muestra que, si lidiamos con un enfoque determinado y con sus conceptos relacionados, tenemos que alinearlos, de forma coherente, con los otros conjuntos de conceptos que forman parte de la trama teórica con la cual nos identificamos. Sin ese cuidado, nos arriesgamos a transformar la teoría y el método psicoanalíticos en un rompecabezas cuyas piezas nunca se encajan.
ABSTRACT
O tema deste trabalho é a Felicidade. Tema abordado diretamente por Freud, mas que, na atualidade, parece ter desaparecido da literatura psicanalítica e das preocupações dos pensadores em geral. A questão da Felicidade tem correspondido a noções diferentes através dos tempos e reflete a cultura vigente em cada época. O presente trabalho é iniciado com um rastreamento das várias visões que a cultura nos tem legado sobre o tema, da Grécia antiga até os nossos tempos. Na contemporaneidade, a ideia de Felicidade é marcada por noções hedonistas que consideram que o desconforto, o sofrimento, devem ser banidos em nome de uma Felicidade a ser alcançada a qualquer preço. Sofremos porque não conseguimos ser felizes de acordo com o que se propaga ser a verdadeira felicidade. O que antes era um projeto do Id, hoje se torna um projeto do Superego. Como decorrência, surgem esforços para engajar a psicanálise na luta pela ausência do sofrimento. Uma proposta hedonista de trabalho se oferece como desafio para o método psicanalítico. Corre-se, então, o risco de desnaturar a psicanálise e transformá-la num objeto de consumo para alcançar uma Felicidade utópica baseada na analgesia.
El tema de este trabajo es la Felicidad. Se trata de un asunto abordado directamente por Freud, pero que en la actualidad parece haber desaparecido de la literatura psicoanalítica y de las preocupaciones de los pensadores de manera general. La cuestión de la Felicidad ha correspondido a nociones diferentes a través de los tiempos. Asimismo, ha reflejado la cultura vigente en cada época. El presente trabajo se inicia con un rastreo de las varias visiones que la cultura nos ha legado sobre el tema, desde la Grecia antigua hasta nuestros días. Contemporáneamente, la idea de Felicidad está marcada por nociones hedonistas, que consideran que la incomodidad y el sufrimiento deben proscribirse para alcanzar una Felicidad a cualquier costo. Sufrimos porque no logramos ser felices de acuerdo a lo que se propaga como verdadera felicidad. Lo que antes era un proyecto del Id hoy en día se ha tornado un proyecto del Superego. Como consecuencia, surgen esfuerzos para comprometer al psicoanálisis en la lucha por la ausencia de sufrimiento. Como reto para el método psicoanalítico, se ofrece una propuesta hedonista de trabajo. Esto conlleva el riesgo de que el psicoanálisis se desnaturalice y que se transforme en un objeto de consumo para alcanzar una Felicidad utópica basada en la analgesia.
The subject of this work is Happiness. This subject has already approached by Freud. However, nowadays, it seems to have vanish from psychoanalytical literature and from the concern of thinkers, in general. Many different notions have been attributed to the question of Happiness through the years and they reflect the culture of the times. At the present time, the idea of Happiness carries hedonist notions that end up by considering that uneasiness and suffering must be banished in the name of Happiness to be attained at any cost. Consequently, new efforts appear to engage psychoanalysis in the fight for the banishment of suffering. Therefore, we are at risk of disqualifying psychoanalysis and transforming it in consumer's goods.
Subject(s)
Humans , Male , Female , Stress, Psychological/psychology , Happiness , Philosophy , PsychoanalysisABSTRACT
O tema deste trabalho é a Felicidade. Tema abordado diretamente por Freud, mas que, na atualidade, parece ter desaparecido da literatura psicanalítica e das preocupações dos pensadores em geral. A questão da Felicidade tem correspondido a noções diferentes através dos tempos e reflete a cultura vigente em cada época. O presente trabalho é iniciado com um rastreamento das várias visões que a cultura nos tem legado sobre o tema, da Grécia antiga até os nossos tempos. Na contemporaneidade, a ideia de Felicidade é marcada por noções hedonistas que consideram que o desconforto, o sofrimento, devem ser banidos em nome de uma Felicidade a ser alcançada a qualquer preço. Sofremos porque não conseguimos ser felizes de acordo com o que se propaga ser a verdadeira felicidade. O que antes era um projeto do Id, hoje se torna um projeto do Superego. Como decorrência, surgem esforços para engajar a psicanálise na luta pela ausência do sofrimento. Uma proposta hedonista de trabalho se oferece como desafio para o método psicanalítico. Corre-se, então, o risco de desnaturar a psicanálise e transformá-la num objeto de consumo para alcançar uma Felicidade utópica baseada na analgesia.(AU)
El tema de este trabajo es la Felicidad. Se trata de un asunto abordado directamente por Freud, pero que en la actualidad parece haber desaparecido de la literatura psicoanalítica y de las preocupaciones de los pensadores de manera general. La cuestión de la Felicidad ha correspondido a nociones diferentes a través de los tiempos. Asimismo, ha reflejado la cultura vigente en cada época. El presente trabajo se inicia con un rastreo de las varias visiones que la cultura nos ha legado sobre el tema, desde la Grecia antigua hasta nuestros días. Contemporáneamente, la idea de Felicidad está marcada por nociones hedonistas, que consideran que la incomodidad y el sufrimiento deben proscribirse para alcanzar una Felicidad a cualquier costo. Sufrimos porque no logramos ser felices de acuerdo a lo que se propaga como verdadera felicidad. Lo que antes era un proyecto del Id hoy en día se ha tornado un proyecto del Superego. Como consecuencia, surgen esfuerzos para comprometer al psicoanálisis en la lucha por la ausencia de sufrimiento. Como reto para el método psicoanalítico, se ofrece una propuesta hedonista de trabajo. Esto conlleva el riesgo de que el psicoanálisis se desnaturalice y que se transforme en un objeto de consumo para alcanzar una Felicidad utópica basada en la analgesia.(AU)
The subject of this work is Happiness. This subject has already approached by Freud. However, nowadays, it seems to have vanish from psychoanalytical literature and from the concern of thinkers, in general. Many different notions have been attributed to the question of Happiness through the years and they reflect the culture of the times. At the present time, the idea of Happiness carries hedonist notions that end up by considering that uneasiness and suffering must be banished in the name of Happiness to be attained at any cost. Consequently, new efforts appear to engage psychoanalysis in the fight for the banishment of suffering. Therefore, we are at risk of disqualifying psychoanalysis and transforming it in consumer's goods.(AU)
Subject(s)
Humans , Male , Female , Psychoanalysis , Happiness , Philosophy , Stress, Psychological/psychologyABSTRACT
O autor expõe aos novos membros do Instituto da SBPSP a idéia de que a personalidade do analista é o seu principal instrumento de trabalho. Tal instrumento se organiza em torno da sensibilidade/disponibilidade para o contato com o paciente e uma tolerância para com o desconhecido, o não-sabido. Nessa perspectiva, o elemento central da formação analítica é a análise pessoal daquele que pretende vir a ser psicanalista.Além disso, mais do que simplesmente participar de cursos e supervisões, é importante que a pessoa se integre a uma rede de relações que fazem parte da vida institucional. Esse envolvimento tem a ver com duas disposições emocionais: paixão (no sentido que Bion lhe dá) e amor à verdade. Trata-se de um compromisso ético para quem pretende se familiarizar com o Método psicanalítico (AU)
In this paper, presented to the new members of the Institute of Psychoanalysis of the Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo as the magna class of the 2008, the author offers the idea that the psychoanalysts main instrument of work is his/her personality. This instrument is based on the analysts sensibility, i.e. his/her availability to contact with the patient, and his/her capacity to tolerate the unknown. In this perspective, the analysis of the psychoanalyst is the central element of the analytical training.Besides participating in the seminars and supervisions, it is especially important that the candidate integrates into the network that is part of the institutional life. This interaction and involvement relates to two emotional dispositions: passion (in Bions sense) and love of truth. This means an ethical commitment for those who intend to get acquainted with the psychoanalytic method (AU)
ABSTRACT
RESUMO: O autor propõe que certas manifestações em Psicoterapia Analítica de Grupo não parecem relacionadas, nem a história pessoal que seus membros relatam, nem a história do grupo a que eles pertencem. A hipótese levantada e que tais manifestações correspondem a vestígios de condições muito primitivas, pré-natais, pre-verbais; portanto, que não se pode dizer que sejam inconscientes, porque nem sequer chegaram a se constituir como tal. Permanecem como registros de uma área indiferenciada, assim chamada protomental. Não estando disponíveis para representação, passam a integrar o espaço grupal, manifestando-se mediante actings. Por seu caráter repetitivo, podem constituir bloqueio ao desenvolvimento grupal e a sua passagem para Grupo de Trabalho. Integrando-se ao plano da transferência, essas manifestações têm possibilidade de serem detectadas e transformadas em elementos psíquicos por meio da interpretação. Essa o transcrição psiquica o envolve problemas que serão discutidos. O texto fornece uma ilustração clínica desse processo. (AU)
ABSTRACT: The author suggests that certain manifestations in Group Psychoanalytical Therapy that, assume a repetitive and blocking characteristic in the evolution of the work, are vestiges of proto- mental traumatic situations lived by the group. One cannot say that these situations are unconscious because they were never constituted as such. They were not available for representation. The same way as the Beta Elements (Bion), they integrate the group space, manifesting themselves through actings. When they integrate the transfer level, they can be detected and transformed into psychic elements through interpretation. The psychic inscription will allow the passage of the Basic Assumption Group to the Work Group. Some clinical illustrations of this process will be presented. (AU)
RESUMEN: El autor propone que algunas manifestaciones en Psicoterapia Analitica de Grupo no parezcan relacionadas, ni en la historia personal que sus miembros relatan, ni en la del grupo al que pertenecen. La hipotesis levantada es que tales manifestaciones corresponden a los vestigios de condiciones muy primitivas, pre-natales, pre-verbales, por lo tanto, no se puede decir que sean inconscientes, ya que no llegan a constituirse como tales. Permanecen como registros de un area indiferente, llamada protomental. No estan disponibles para representacion, pasan a integrar el espacio grupal, manifestandose mediante actuaciones. Por su caracter repetitivo, pueden bloquear el desarrollo grupal y su pase para el Grupo de Trabajo. Integrandose al plan de transferencia, dichas manifestaciones tienen la posibilidad de que sean detectadas y transformadas en elementos psiquicos por medio de la interpretacion. Esa "inscripcion psiquica", envuelve problemas que seran discutidos. El texto nos proporciona una ilustracion clinica de dicho proceso. (AU)
Subject(s)
Humans , Psychotherapy, Group , Mental ProcessesABSTRACT
O autor propõe que certas manifestações em Psicoterapia Analítica de Grupo não parecem relacionadas, nem a história pessoal que seus membros relatam, nem a história do grupo a que eles pertencem. A hipótese levantada e que tais manifestações correspondem a vestígios de condições muito primitivas, pré-natais, pre-verbais; portanto, que não se pode dizer que sejam inconscientes, porque nem sequer chegaram a se constituir como tal. Permanecem como registros de uma área indiferenciada, assim chamada protomental. Não estando disponíveis para representação, passam a integrar o espaço grupal, manifestando-se mediante actings. Por seu caráter repetitivo, podem constituir bloqueio ao desenvolvimento grupal e a sua passagem para Grupo de Trabalho. Integrando-se ao plano da transferência, essas manifestações têm possibilidade de serem detectadas e transformadas em elementos psíquicos por meio da interpretação. Essa o transcrição psiquica o envolve problemas que serão discutidos. O texto fornece uma ilustração clínica desse processo.
The author suggests that certain manifestations in Group Psychoanalytical Therapy that, assume a repetitive and blocking characteristic in the evolution of the work, are vestiges of proto- mental traumatic situations lived by the group. One cannot say that these situations are unconscious because they were never constituted as such. They were not available for representation. The same way as the Beta Elements (Bion), they integrate the group space, manifesting themselves through actings. When they integrate the transfer level, they can be detected and transformed into psychic elements through interpretation. The psychic inscription will allow the passage of the Basic Assumption Group to the Work Group. Some clinical illustrations of this process will be presented.
El autor propone que algunas manifestaciones en Psicoterapia Analitica de Grupo no parezcan relacionadas, ni en la historia personal que sus miembros relatan, ni en la del grupo al que pertenecen. La hipotesis levantada es que tales manifestaciones corresponden a los vestigios de condiciones muy primitivas, pre-natales, pre-verbales, por lo tanto, no se puede decir que sean inconscientes, ya que no llegan a constituirse como tales. Permanecen como registros de un area indiferente, llamada protomental. No estan disponibles para representacion, pasan a integrar el espacio grupal, manifestandose mediante actuaciones. Por su caracter repetitivo, pueden bloquear el desarrollo grupal y su pase para el Grupo de Trabajo. Integrandose al plan de transferencia, dichas manifestaciones tienen la posibilidad de que sean detectadas y transformadas en elementos psiquicos por medio de la interpretacion. Esa "inscripcion psiquica", envuelve problemas que seran discutidos. El texto nos proporciona una ilustracion clinica de dicho proceso.
Subject(s)
Humans , Mental Processes , Psychotherapy, GroupABSTRACT
Este trabalho toma como eixo temático o livro de Richard Elliot Friedman, intitulado O desaparecimento de Deus: Um mistério divino, Neste ensaio Friedman faz uma leitura dos relatos bíblicos, considerando que eles estão reunidos por uma idéia central que faz referência a um Deus que, inicialmente muito próximo do cotidiano dos homens, passa e se afastar do contato direto com eles. Esse desenvolvimento sugere, para o autor, que o sagrado e o homem vivem em conflito. O "desaparecimento" de Deus é, por outro lado, oportunidade para o ser humano se apropriar sw sua natureza como criatura. Nosso texto faz um paralelo entre esse conflito e a situação do homem perante o Inconsciente, ou seja, com aquelas partes "ocultas" que o determina e com as quais está sempre em conflito(AU)
This work is based on Richard Elliot Friedman's essay, The disappearance of God: A divine mystery. In this essay, Friedman makes a reading of Biblical passages, considering that they are connected by main idea that refers to a God that, initially, is very closa to men's everyday life but, in the end, keeps away from their direct contact. This development sugest to the author that "divinity" and "sacredness" are in constant conflict. The "disappearance" of God, on the other hand, is main's opportunity to get hold of his own nature as a creature. Our text makes a pareallel betwwn this conflict and man's situation face of the unconscious, in the other words, with those "occult" forces that determine what he is and with which he is in constant conflict(AU)
ABSTRACT
O presente estudo trata do crescimento notável da quantidade de menções sobre a assim chamada intersubjetividade, na literatura psicanalítica. Este fato permite caracterizar a intersubjetividade como tendência atual no movimento psicanalítico. Nosso ponto de partida é examinar a noção, interação analista-paciente . Esta noção subjaz à abordagem intersubjetivista. Os autores formulam três questões: (I) existe alguma consistência epistemológica no conceito de interação? Se existe, qual é? Pois ela é colocada com freqüência como um fato dado, concreto, a priori, sem exame epistemológico; (II) será aquilo que os autores intersubjetivistas definem como interação, contingência do processo analítico, ou será um fundamento do processo analítico? Os autores intersubjetivistas parece que optam pela última alternativa, sem argumentação fundamentada. Como conseqüência de (I) e (II): será o movimento intersubjetivista, desenvolvimento e prolongamento da formulação de Freud para a psicanálise, ou será uma ruptura? Inclui-se uma revisão das contribuições que podem ser consideradas como precursoras da intersubjetividade. O estudo é ainda uma pesquisa sobre as raízes epistemológicas do intersubjetivismo/interationismo. Sugerem-se duas visões integrativas que tentam sobrepujar o conflito intra versus inter que subjaz ao conflito entre duas tendências aparentemente diversas em psicanálise. Os pontos levantados por este estudo provêm uma oportunidade de ponderar sobre as epistemes subjacentes à nossa disciplina, psicanálise. Portanto, os autores não fazem uma crítica à importância de um novo ponto de vista no movimento psicanalítico, mas tentam uma análise de suas bases epistemológicas.
Subject(s)
Countertransference , Knowledge , Psychoanalysis , Transference, PsychologyABSTRACT
O chamado à psicanálise para um pensar interdisciplinar envolve questões complexas que vão desde esforços autênticos para consolidação do saber, até distorções geradas por apelos com fundo de onisciência, rivalidade, busca de prestígio e moda. Diante desse quadro, este relato se propões a conceituar a interdisciplinaridade, compreender os limites desse esforço e situar a psicanálise nesse contexto. O tema se torna oportunidade para uma reflexão sobre a natureza da psicanálise, focalizada a partir de seu método e objeto, ressaltando, ao mesmo tempo, sua singularidade na interface com outras disciplinas. A idéia proposta é que, sem consenso razoável entre nós a esse respeito, nossos esforços interdisciplinares se arriscam a não promover desenvolvimento próprio e um diálogo consistente com outras disciplinas.
Subject(s)
Humans , Knowledge , Psychoanalysis , Psychoanalytic Theory , Truth DisclosureABSTRACT
O trabalho tenta rastrear os processos intersubjetivos que podem estar na base da ocorrencia de determinados estados emocionais do analista. E dada enfase a ocorrencia de Identificacoes Projetivas por parte dos pacientes, o que poderia explicar ditos estados. A recorrencia frequente a esse conceito (IP), como fator explicativo, veio nao so ampliar seu campo de abrangencia, como tambem alterou a nocao original (uma fantasia), que Melanie Klein lhe atribuiu. Dada essa indevida e enganosa ampliacao do poder explicativo da Identificacao Projetiva, surge a necessidade de investigar outros processos cuja presenca seria responsavel por algumas reacoes emocionais, ou mesmo atuacoes do analista. Algumas vias alternativas, ja investigadas na literatura psicanalitica, sao discutidas. O valor de uma discussao desse tipo reside na importancia de se prover o campo da analise de instrumentos conceituais aptos a abordar os processos clinicos na sua dinamica, evitando-se, assim, meras explicacoes fenomenologicas que, sem profundidade, acabam conferindo ao acontecer da sessao um aspecto magico, ate esoterico. A atencao a esses aspectos interacionais na analise recoloca em pauta, inevitavelmente, o confronto entre concepcoes que privilegiam a focalizacao do intrapsiquico e aquelas que privilegiam o plano intersubjetivo na situacao analitica. Este encaminhamento da questao mostra que, se lidamos com um determinado enfoque e com seus conceitos correlatos, temos de alinha-los, de forma coerente, a outros conjuntos de conceitos que fazem parte da trama teorica com a qual nos identificamos. Sem esse cuidado, nos arriscamos a transformar a teoria e o metodo psicanaliticos num quebra-cabeca cujas pecas jamais se encaixam.
Subject(s)
Psychoanalysis , Psychotherapeutic Processes , Psychoanalysis , Psychotherapeutic ProcessesABSTRACT
As colocacoes psicanaliticas sobre a experiencia religiosa, via de regra, constituem uma repeticao das ideias de Freud, formuladas ao longo de sua obra. De maneira geral, como resultado de uma saturacao do conceito psicanalitico, permanece inexplorada a rica complexidade da dinamica do processo que constitui esse tipo de experiencia. O autor sugere que as tendencias religiosas de nossos analisandos devem ser abordadas, nao apenas a luz de suas determinacoes infantil, mas como resultado de processos de ressignificacao que sao continuos e evolutivos. A relacao estabelecida entre a imagem paterna e a imagem de Deus (como sustentava Freud) apenas da conta parcialmente das relacoes objetais envolvidas no fenomeno da crenca. A compreensao psicanalitica nao pode ser apresentada como um fator que reduzira as crencas religiosas as fantasias que participaram de sua estrutura inicial, mas deve tornar possivel a reorganizacao e nova apresentacao da imagem de Deus no mundo interno do analisando. O carater 'ilusorio' de uma crenca (vista a luz da experiencia transicional), nao significa que ela seja tratada como delirio, como algo em contradicao com as demandas da realidade. Quando o psicanalista, em vez de se referir as representacoes de Deus que ele encontra na realidade psiquica, vai mais alem, afirmando que nao ha realidade para a crenca do paciente, ele extrapola seu campo de observacao.
Subject(s)
Object Attachment , Religion , Object Attachment , ReligionABSTRACT
As colocaçoes psicanalíticas sobre a experiência religio sa, via de regra, constituem uma repetiçao das idéias de Freud, formuladas ao longo de sua obra. De maneira geral, como resultado de saturaçao do conceito psicanalítico, permanece inexplorada a rica complexidade da dinâmica do processo que constitui esse tipo de experiência. O autor sugere que as tendências religiosas de nossos analisandos devem ser abordadas, nao apenas à luz de suas determi naçoes infantis, mas como resultado de processo de ressignificaçao que sao contínuos e evolutivos. A relaçao estabelecida entre a imagem paterna e a imagem de Deus (como sustentava Freud) apenas dá conta parcialmente das relaçoes objetais envolvidas no fenômeno da crença. A compreensao psicanalítica nao pode ser apre sentada como um fator que reduzirá as crenças religiosas às fantasias que parti ciparam de sua estrutura inicial, mas deve tornar possível a reorganizaçao e no va apresentaçao da imagem de Deus no mundo interno do analisando. O caráter "ilusório" de uma crença (vista à luz da experiência transicional), nao significa que ela seja tratada como delírio, como algo em contradiçao com as demandas da realidade. Quando o psicanalista, em vez de se referir às representaçoes de Deus que ele encontra na realidade psíquica, vai mais além, afirmando que nao há realidade para a crença do paciente, ele extrapola seu campo de observaçao
Subject(s)
Humans , Psychoanalysis , ReligionABSTRACT
Este artigo trata das transformacoes psiquica no analista, decorrentes de seu trabalho. Habitualmente, as mencoes a esse fato se reduzem a descrever os processos denominados contratransferenciais, mas estes nao dao conta de abranger uma serie de transformacoes duradouras na mente do analista. O autor propoe situar essas mudancas num contexto nao acidental, mas como decorrentes de uma posicao no campo que resulta do exercicio de uma 'neutralidade ativa'. Isso implica em rediscutir esse conceito de neutralidade, o qual, desde que foi formulado por Freud, vem sofrendo compreensao inadequada. Numa relacao analitica estabelecida de forma que a neutralidade signifique 'disponibilidade para o novo', todos os valores e a propria identidade do analista se colocam em risco, ou seja, passiveis de mudanca. O processo analitico e entao levado a uma condicao de 'simbiose terapeutica', a menos que o analista trabalhe entrincheirado numa couraca defensiva.
Subject(s)
Countertransference , Psychotherapeutic Processes , Gender Identity , Countertransference , Psychotherapeutic Processes , Gender IdentityABSTRACT
Este artigo trata das transformaçoes psíquicas no analis ta, decorrentes de seu trabalho. Habitualmente, as mençoes a esse fato se redu zem a descrever os processos denominados contratransferenciais, mas estes nao dao conta de abranger uma série de transformaçoes duradouras na mente do analis ta. O autor propoe situar essas mudanças num contexto nao acidental, mas como decorrentes de uma posiçao no campo que resulta de exercício de uma "neutralidade ativa". Isso implica em rediscutir esse conceito de neutralidade, o qual, desde que foi formulado por Freud, vem sofrendo compreensao inadequada. Numa relaçao analítica estabelecida de forma que a neutralidade signifique "disponibilidade para o novo", todos os valores e a própria identidade do analista se colocam em risco, ou seja, passíveis de mudança. O processo analítico é entao levado a uma condiçao de "simbiose terapêutica", a menos que o analista trabalhe entrincheirado numa couraça defensiva
Subject(s)
Humans , Countertransference , Professional-Patient Relations , Psychoanalysis , Psychoanalytic TherapyABSTRACT
Este trabalho constitui uma reflexao sobre algumas situacoes aparentemente banais, que integram o quotidiano analitico, na tentativa de compreende-las sob um angulo novo que ressalta a sua importancia dentro do processo. Tres questoes sao focalizadas nessa linha: A primeira avalia o fato do 'ja-conhecido' no discurso dos analisandos. A segunda focaliza o emprego das interpretacoes metaforicas e os usos e abusos que essa pratica pode conter. A terceira faz observacoes sobre os discursos explicativos, que surgem comumente na fala dos analisandos e analistas. Todas essas situacoes sao discutidas sob a perspectiva de poderem encerrar a presenca de Transformacoes em Alucinose cuja funcao e ocupar o espaco analitico de forma a evitar a turbulencia causada pela intimidade, pelo novo, pelo desconhecido. Em sua aparencia singela e inofensiva, essas transformacoes estao a servico do nao-desenvolvimento da analise.
Subject(s)
Anxiety , Psychotic DisordersABSTRACT
Este trabalho constitui uma reflexäo sobre algumas situaçöes aparentemente banais, que integram o quotidiano analítico, na tentativa de compreendê-las sob um ângulo novo que ressalta a sua importância dentro do processo. Três questöes säo focalizadas nessa linha: A primeira avalia o fato do "já-conhecido" no discurso dos analisandos. A segunda focaliza o emprego das interpretaçöes metafóricas e os usos e abusos que essa prática pode conter. A terceira faz observaçöes sobre os discursos explicativos, que surgem comumente na fala dos analistas. Todas essas situaçöes säo discutidas sob a perspectiva de poderem encerrar a presença de Transformaçöes em Alucinose cuja funçäo é ocupar o espaço analítico de forma a evitar a turbulência causada pela intimidade, pelo novo, pelo desconhecido. Em sua aparência singela e inofensiva, essas transformaçöes estäo a serviç do näo-desenvolvimento da análise