ABSTRACT
Este artigo tematiza a ordem urbana em São Paulo a partir de uma perspectiva etnográfica, privilegiando a operação cotidiana dos mercados ilegais de drogas. Argumento que a dimensão monetária inscrita na questão das drogas tem sido obscurecida em prol de sua tematização como problema moral e em termos religiosos. O resultado é funcional à construção contemporânea do conflito urbano como guerra, o que radicaliza a alteridade entre recortes da população: a cidade teria inimigos internos a combater e a droga os alimentaria (ainda que o dinheiro que se produza em suas trocas seja bem-vindo). A radicalidade dessa construção contemporânea, em São Paulo, é explorada a partir de situação etnográfica envolvendo uma criança, que aos 7 anos de idade já figura entre os "inimigos da ordem"