ABSTRACT
De acordo com as normas do Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento, do Ministério da Saúde, a gestante deve realizar dois exames laboratoriais para detecção da sífilis. Objetivo: Avaliar oportunidades perdidas no rastreamento de sífilis gestacional e identificar fatores associados à não realização do teste Venereal Disease Research Laboratory (VDRL) no pré-natal. Métodos: Estudo de corte transversal realizado em maternidade do Sistema Único de Saúde da cidade do Recife, no Nordeste do Brasil. Foram estudadas 460 mulheres admitidas por término da gravidez e/ou abortamento, entre setembro e outubro de 2013, que realizaram ao menos uma consulta de pré-natal. Foram realizadas entrevistas e consulta ao cartão de pré-natal e prontuários. As mulheres que não realizaram pelo menos um VDLR no pré-natal (categoria de referência) foram comparadas com aquelas que realizaram. Nas informações colhidas nos 408 cartões da gestante, foi utilizada a regressão logística para identificar fatores associados com a não realização do rastreio. Resultados: Uma parte correspondente a 17,90% das mulheres não realizou o VDRL. Na análise multivariada, apresentaram maior chance de não realizar o VDRL as mulheres que: enfrentaram dificuldades para realizar o exame; realizaram a última consulta antes do último trimestre da gravidez; passaram por menos de seis consultas; realizaram pré-natal em unidade que não realizava agendamento das consultas subsequentes; tinham 19 anos ou menos de idade; tinham três ou mais gravidezes. Conclusão: Os resultados mostram que, apesar da elevada cobertura da atenção pré-natal, persiste uma baixa efetividade das ações de prevenção da sífilis congênita.
According to the norms issued by the Ministry of Health for the Prenatal and Birth Humanization Program, pregnant women should undergo two tests for syphilis detection. Objective: To evaluate missed opportunities for screening gestational syphilis and to identify factors associated with the missing application of the Venereal Disease Research Laboratory (VDRL) test during prenatal development. Methods: This cross-sectional study was undertaken in the maternity ward of a Unified Public Health System (SUS) hospital in the city of Recife in northeastern Brazil. We studied 460 women admitted for termination of pregnancy and/or abortion, between September and October 2013, who had at least one prenatal consultation. We conducted interviews and checked patients' prenatal care records and medical records. Women who did not take at least one VDRL test during prenatal development (reference category) were compared with those who did. Logistic regression was performed on the data collected from the 408 pregnancy records analyzed in order to identify factors associated with a failure to undergo syphilis screening. Results: 17.90% of the women in the sample did not take the VDRL test. In multivariate analysis, women who fit the following factors presented a greater chance of not having taken the VDRL test: facing difficulties in taking the test; attendance of the last prenatal consultation before the last trimester of pregnancy; attending less than six consultations; receiving prenatal care in hospital units which did not schedule subsequent exams; being 19 years of age or younger; having had three or more pregnancies. Conclusion: Results show that despite the high availability of prenatal care, actions aimed at preventing congenital syphilis still present low effectiveness.