ABSTRACT
Centrado no estudo do currículo da escola médica, este trabalho situa a crise no ensino, a partir de uma crise social, se propondo a demonstrar que o afastamento da escola médica dessa realidade social, somada à resistência dos professores em mudar um padrãõ de conduta já estabelecido, dificulta a promoção de mudanças. Traça um balanço dos principais movimentos teóricos que influenciaram o ensino médico nos últimos cinqüenta anos, a partir das grandes transformações ocorridas na década de cinqüenta e da influência do Relatório Flexner, em direção a um movimento entre inovação/tradição e à busca de um novo paradigma para a formação m.édica. Busca suportes explicativos na Sociologia da Educação, onde a NSE é interpretada como um espaço de denúncia que permite que se continue perguntando como estabelecer conexões para interpretar a sociedade via escola e vlce-versa. Salienta que a escola médica precIsa superar a visão de conhecimento como saberes prontos e acabados, à medida que o avanço de novas descobertas se dá de uma forma tão acelerada que a escola não consegue alcançar. Situa a integração interdisciplinar como uma forma de lidar com o nível de obsolescência do conhecimento nesta área e como forma de romper com um tradicionalismo pedagógico, superando a simples transmissão do conhecimento, em busca de uma relação mais questionadora, problematizadora, ~m qUê ã cíênclã é vista como um lnstrumentp eficaz em estreita relação com as formas de pensar, refletir, as relações entre escola e os poderes social, político e econômico, denlonstrando que qualquer mudança no ensino médico implica mudar primeiramente a concepção de saúde/doença. Ao analisar as dificuldades que a escola médica enfrenta na passagem do nível de propostas de mudanças à realidade concreta, penetra profundamente na cotidianidade da instituição objeto de estudo, através de uma disciplina, primeiramente para conceituá-Ia teórica e historicamente, depois para interpretá-Ia à luz dos fatores que dificultam a mudança rumo a práticas inovadoras, tentando uma interpretação que integre fatores macro e micro estruturais
Based on the study of the curriculum of the Medical School, this paper places the crisis of education concerning a social crisis and showing the great distance between the Medical School and social reality, the resistance of teachers to changes of conduct and, as a consequence, the difficulties to establish these changes. A sketch of the mam theoretical proposals that influenced medican education in the past fifty years, from the great changes occured in the 50's and Flexner's study to today's search for a new model of medical education. Searching for explanations in education sociology, the "NSE" is interpreted as an opportunity for denunciation and inquiry into the establishment of connections for interpretation of society via school and vice-versa. This study enhances the importance of the medical school in modifying the view of knowledge as "ready-made" lessons, as new discoveries and advances surpass the school's capability of keeping it's community updated. It suggests the interdisciplinary integration as a way to deal with the degree of obsolescence of knowledge in this field, and a form of rupturing the pedagogical traditions, in a constant search for questioning and problem-solving instead of simple knowledge transference. Science should be an efficient instrument for keeping straight relationship with thinking, social, political and econimic power and the school itself: and any changes in the medical education would have to start by changes of the conception healt/disease first