ABSTRACT
O presente artigo busca refletir sobre práticas de lazer, mulheres e a pandemia do novo coronavírus, por meio de um diálogo analítico entre os dados da pesquisa "O Lazer no Brasil: representações e concretizações das vivências cotidianas" e investigações científicas recentes. A referida pesquisa teve como objetivo geral investigar as possibilidades de vivência do lazer da população brasileira. Este artigo, em específico, analisa as diferenças percebidas entre mulheres e homens, filtrando-se os dados pela condição empregatícia e pelo estado civil. Concluímos que a crise histórica instaurada pelo novo coronavírus tende a agravar de forma alarmante as condições sociais para a vivência do lazer de grupos em vulnerabilidade, como é o caso das mulheres.
This article intends to reflect on leisure practices, women and the pandemic caused by the new coronavirus, through an analytical dialogue between the data obtained in the research project entitled "Leisure in Brazil: representations and achievements of daily experiences" and recent scientific investigations. The referred research project inquired on leisure experiences of the Brazilian population. The present article analyzes the differences perceived between women andmen by filtering the sample by an individual's employment condition and by marital status. Our conclusion alerts that the historical crisis caused by the pandemic of the new coronavirus tends to alarmingly aggravate social conditions, such as access to leisure of vulnerable groups, such as women.
Subject(s)
Leisure ActivitiesABSTRACT
Este estudo investigou as práticas de lazer na rua dos moradores do bairro residencial Vila Holândia, Campinas, São Paulo, com o objetivo de compreende os usos cotidianos do espaço urbano. Metodologicamente optamos pela observação de cunho etnográfico. Identificamos que a vida comunitária na Vila Holândia passou por profundas transformações sociais. Mesmo assim, ainda encontramos evidências que permitem dizer que a riqueza das experiências da rua ainda resiste ao processo de urbanização das cidades que sucumbem às relações comunitárias mais tradicionais. Nas experiências da rua, os sujeitos compartilham o espaço público e materializam a convivência social. É pelas relações de troca, evitação e conflito que os moradores se apropriam das ruas e das práticas de lazer, estabelecendo as regras e os rituais próprios da identidade social desse lugar. Concomitantemente, a convergência entre os círculos sociais dos diferentes grupos etários na participação em práticas de lazer, no cotidiano da rua, pode garantir a perpetuação dessas formas de apropriação, ao fortificar o pertencimento à sociabilidade para as próximas gerações. São comuns a prática das caminhadas, as brincadeiras de rua, o futebol, a contemplação e o bate papo, que permitem criar certos círculos de pertencimento. Mas, há também discursos que vem a rua como um lugar inseguro, do qual não se sentem pertinentes e pertencentes.
This study investigated street leisure practices of the residents of Vila Holandia, a periphery neighbourhood in Campinas, São Paulo state. The aim of the present research was to understand the everyday uses of urban space. Methodologically we opted for ethnographic observation. We found that community life in Vila Holândia underwent profound social transformations. Still, we find evidence that allow to say that rich street experiences resist, while other cities more traditional community relations succumb facing the urbanization process. In the street experiences, subjects share the public space and materialize social coexistence. It is through the exchange relations, avoidance and conflict that residents take ownership of streets and leisure practices, establishing rules and rituals of social identity peculiar of this place. Concomitantly, the convergence between social circles of different age groups in leisure activities participation can guarantee the perpetuation of these forms of ownership and strengthen belonging in the street everyday sociability to the next generations. The most common leisure practices in Vila Holândia are walks, children games, soccer, contemplation and chatting creating belonging circles, but there are also talks about the street as an unsafe place, which does not feel it as a relevant space or promotes belonging.