Your browser doesn't support javascript.
loading
Show: 20 | 50 | 100
Results 1 - 1 de 1
Filter
Add more filters










Database
Main subject
Publication year range
1.
Rev. abordagem gestál. (Impr.) ; 25(3): 344-349, set.-dez. 2019.
Article in Portuguese | LILACS | ID: biblio-1041647

ABSTRACT

Almeja O Correio da Manhã que eu narre aos seus leitores o que tem acontecido com o pensamento filosófico durante estes cinquenta anos, no decorrer deste século. O pensamento filosófico é uma coisa humana, mas as coisas humanas não são propriamente "coisas", mas sim "coisas que acontecem ao homem", são acontecimentos que acontecem a alguém, e não se assemelha a estas brincadeiras chamadas de "fenômenos físicos", pois estes não acontecem a ninguém. Ora, não se pode falar adequadamente das coisas que consistem em "algo que acontece com alguém", pois estas coisas são passíveis apenas de serem contadas ou narradas. A razão narrativa, a razão histórica, é a única forma de razão que nos permite entender às coisas humanas. Contemos, pois, o percurso do pensamento filosófico de 1900 a 1950. O empreendimento é neste caso desesperador porque não posso inundar com o fluxo da minha prosa toda a solene edição do O Correio da Manhã. Tendo recebido um breve espaço na área destas páginas vejo-me obrigado a condensar meu pensamento. Mas, ocorre que a razão histórica, o contar, é, dentre as figuras da razão, a que menos admite a possibilidade de condensação. A razão histórica é essencialmente prolixa, é um falatório interminável, é a "história sem fim". Não por acaso, Dilthey, o primeiro homem que vislumbrou a razão histórica e que pôde se dedicar, sem distrações, toda uma boa parte de sua vida aos temas ligados a ela, caracteriza-se como aquele a dar apenas os primeiros passos, os primeiros fragmentos, a esboçar os primeiros projetos, os primeiros volumes, primeiros capítulos, os primeiros suspiros, gerando certo balbuciar dentro deste grande falatório que é a razão histórica. Vamos então suspirar - os leitores e eu, conjuntamente - sobre o que poderia ser uma história do pensamento filosófico dos últimos cinquenta anos. Esta jornada cronológica coincide com minha própria vida e, com efeito, ninguém poderia contar-me esta história, porque ela é minha própria existência. Daí que minha narrativa adquire, por vezes, um olhar autobiográfico. A autobiografia é o superlativo da razão histórica.


Subject(s)
History, 20th Century , Philosophy/history
SELECTION OF CITATIONS
SEARCH DETAIL
...