ABSTRACT
ABSTRACT Purpose: to analyze the results of neonatal hearing screening examinations in newborns with and without microcephaly, exposed to the Zika virus, without other risk indicators for hearing loss, and verify the association between screening results, sample characteristics, and the gestational trimester when exposure took place. Methods: a descriptive cross-sectional study. Subjects included in the study had no risk indicator for hearing loss other than microcephaly, and presented, along with their mothers, positive RT-PCR results, respectively at birth and during pregnancy. The transient evoked otoacoustic emission and brainstem auditory evoked potential examinations were applied by the researcher between March 2016 and December 2017. Newborns failed the screening when they failed at least one retest in at least one ear. The data were descriptively analyzed, using the Fisher exact test; p-values equal to or lower than 0.05 were considered significant. Results: out of the 45 subjects, 30 (66.7%) were females, 6.7% were likely to have sensorineural hearing loss, with or without auditory neuropathy spectrum disorder - which was possibly present in only one ear of one of these three subjects. Failure in the screening was statistically significant in subjects with at least one of the congenital Zika syndrome characteristics and subjects with subcortical calcification and brain cortex thinning, macular chorioretinal atrophy with focal pigmentary mottling, and hypertonia with symptoms of extrapyramidal involvement. The gestational trimester of exposure was associated with screening results. Conclusion: the responses in screening point to the possibility of hearing loss in newborns with and without microcephaly, whereas the presence of microcephaly was not significant to examination failures. Exposure in the first gestational trimester indicated a possible relationship with screening failures.
RESUMO Objetivo: analisar os resultados dos exames de triagem auditiva neonatal de recém-nascidos sem e com microcefalia expostos ao vírus Zika, que não apresentaram outros indicadores de risco para deficiência auditiva e verificar a associação entre o resultado da triagem, as características da amostra e o trimestre gestacional em que ocorreu a exposição. Métodos: estudo descritivo de corte transversal. Fizeram parte do estudo sujeitos sem indicadores de risco para deficiência auditiva, com exceção da microcefalia, cujas mães apresentaram na gestação o exame RT-PCR positivo e sujeitos que tiveram o RT-PCR positivo, ao nascimento. Os exames de Emissões Otoacústicas Transientes e Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico foram aplicados, pela pesquisadora, entre março de 2016 e dezembro de 2017. O recém-nato foi considerado reprovado na triagem quando apresentou falha em pelo menos um reteste, em ao menos uma orelha. Os dados foram analisados de forma descritiva e utilizando-se o teste estatístico exato de Fisher, p valor menor ou igual a 0,05 foi considerado significante. Resultados: dos 45 sujeitos, 30 (66,7%) eram do sexo feminino, 6,7% apresentaram a probabilidade de alteração do tipo sensorioneural, com ou sem espectro da neuropatia auditiva e somente um dentre esses três sujeitos apresentou uma das orelhas com chance do espectro da neuropatia auditiva, isoladamente. A falha na triagem foi estatisticamente significativa, nos sujeitos que apresentavam pelo menos uma característica da Síndrome da Zika Congênita e nos sujeitos com calcificação subcortical com afilamento do córtex cerebral, atrofia coriorretiniana macular com moteado pigmentar focal e hipertonia com sintomas de envolvimento extrapiramidal. Houve associação do trimestre gestacional da exposição com o resultado de triagem. Conclusão: as respostas verificadas pela triagem apontam para a possibilidade de alteração auditiva em recém-nascidos sem e com microcefalia, onde a presença da microcefalia não foi significante para falha nos exames. A exposição no primeiro trimestre gestacional indicou uma possível relação com falhas na triagem.
ABSTRACT
O vírus Zika, identificado no Brasil no ano de 2015, infectou um número significativo de pessoas. A sequela mais grave constatada pela doença foi a microcefalia, que chamou a atenção dos meios governamentais e acadêmicos pelo aumento expressivo do número de casos no país. Um elevado número de gestantes infectadas concebeu crianças com microcefalia, o que levou o país a decretar epidemia em 2015 e 2016. Com a epidemia da doença o Ministério da Saúde (MS) elaborou o protocolo de atendimento às crianças, com microcefalia, infectadas pelo vírus Zika, e dentre as orientações, consta a recomendação da avaliação da Triagem Auditiva Neonatal (TAN). Objetivo: analisar as respostas auditivas verificadas pela TAN, normal ou alterada, de crianças expostas ao vírus Zika que não apresentaram Indicadores de Risco para Deficiência Auditiva (IRDA); e associar essas respostas auditivas com o trimestre gestacional em que a infecção pelo vírus Zika foi adquirida. Materiais e Método: Trata-se de um estudo descritivo, de corte transversal retrospectivo, desenvolvido a partir da coorte prospectiva da infecção pelo vírus Zika do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira / Fundação Oswaldo Cruz (IFF/FIOCRUZ), denominada "Exposição vertical ao Zika vírus e suas consequências para o neurodesenvolvimento infantil". A população alvo foi constituída de crianças incluídas no estudo da coorte no período de Março de 2016 a Dezembro de 2017, avaliadas pelos exames da TAN: Emissões Otoacústicas Evocadas Transiente (EOAT) e Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico (PEATE-A). Foram incluídas no estudo crianças com ou sem microcefalia, que apresentaram o exame laboratorial RT-PCR positivo para o vírus Zika, e também crianças cujas mães tiveram esse resultado positivo. Foram excluídos lactentes que não tiveram a TAN concluída (EOAT e PEATE-A), os que apresentaram resultados negativos do exame RT- PCR e os lactentes com IRDA. Os testes da triagem auditiva realizados foram as EOAT e o PEATE, ambos no modo automático. O lactente foi considerado reprovado na TAN quando apresentou alteração em pelo menos um reteste (EOAT ou PEATE-A), em ao menos uma orelha. Resultados: Foram analisados os dados de 45 crianças, sendo 30 (66,7%) do sexo feminino. A mediana da idade da realização do primeiro exame da TAN foi de 7 dias (IIQ 2-32dias). A prevalência de falha foi de 6,7%, incluindo teste e reteste, e os mesmos lactentes que apresentaram falha em EOAT falharam também no PEATE-A; dentre esses um paciente passou em EOAT e falhou em PEATE-A em uma das orelhas. Os resultados sugerem alteração sensorioneural com ou sem o Espectro da Neuropatia Auditiva (ENA) em 6,7% da amostra (3 pacientes/ 3 orelhas); e 2,2% da população (1 paciente/1 orelha) com a possibilidade de apresentar somente o ENA. Em relação ao trimestre gestacional da infecção, o estudo demonstra que há associação do trimestre em que a gestante adquiriu a doença com o resultado da TAN. Conclusão: dados revelam que a infecção adquirida no primeiro trimestre pode apresentar relação com a falha nos exames da TAN.
The Zika virus, identified in 2015, infected a considerable amount of people in Brazil. The disease´s most serious sequel was microcephaly, which attracted the attention of governmental agencies and academic circles because of the significant increase in the number of cases in the country. A high number of infected pregnant women generated children with microcephaly, which led the government to declare an epidemic in 2015 and 2016. Due to the epidemic, the National Health Service developed protocols to assist children with microcephaly infected by the Zika virus. The guidelines included the Universal Neonatal Hearing Screening test (UNHS). Objective: This study aims to analyze normal or altered auditory hearing responses in the UNHS test in children exposed to the Zika virus who did not present hearing impairment risk indicators and correlate these auditory responses with the gestational trimester in which the Zika virus infection was acquired. Materials and Methods: This is a retrospective, cross-sectional descriptive study developed from the prospective cohort of the Zika virus infection at the Fernandes Figueira National Institute of Women, Children and Adolescents Health/ Oswaldo Cruz Foundation (IFF / FIOCRUZ), denominated "Vertical exposure to the Zika virus and its consequences for children neurodevelopment". The target population consisted of children included in the cohort study from March 2016 to December 2017, assessed by the UNHS Transient Evoked Otoacoustic Emissions Test (TEOAE) and the Brainstem Auditory Evoked Potentials Test (BAEP-A). We included children with and without microcephaly, tested positive in the RT-PCR laboratory test for the Zika virus, and children whose mothers were tested positive in this exam. Infants who did not have a complete UNHS test (TEOAE and BAEP-A), infants with negative RT-PCR results, and infants with hearing impairment risk indicators were excluded. Both TEOAE and BAEP-A hearing screening tests were performed in automatic mode. An infant was considered to have a fail UNHS when he/she presented alteration in at least one retest (TEOAE or BAEP-A) in at least one ear. Results: From the 45 children analyzed, 30 (66.7%) were female. The average age of the first UNHS test was 7 days (IQR 2-32 days). The prevalence of failure was 6.7%, including test and retest. The same infants who presented a fail in TEOAE also presented a fail in BAEP- A; among them there was a patient who passed in TEOAE and failed in BAEP-A in one of the ears. The results suggest a sensorineural alteration with or without the Auditory Neuropathy Spectrum Disorder (ANSD) in 6.7% of the sample (3 patients / 3 ears); and 2.2% of the population (1 patient / 1 ear) with the possibility of presenting only ANSD. Regarding the gestational trimester of the infection, the study shows that there is an association between the trimester in which the pregnant woman acquired the disease and the UNHS test result. Conclusion: Data reveals that the infection acquired in the first trimester may be related to the fail in the UNHS tests.