ABSTRACT
O modelo tradicional de fisiologia do exercício assume que existe um limite periférico (muscular) em todo exercício aeróbio máximo, devido à hipóxia severa causada pela oferta inadequada de oxigênio ao músculo esquelético. Este evento seria coincidente com o recrutamento de todas as unidades motoras disponíveis no músculo ativo, no mesmo instante. Entretanto, evidências recentes não se ajustam a estas predições. Pelo contrário, um modelo de regulação central do esforço defende a existência de reserva neurofisiológica em todo exercício aeróbio máximo. Nessa nova interpretação, o sistema nervoso central (SNC) modularia o recrutamento muscular para impedir a ativação de todas as unidades motoras ao mesmo tempo, e evitar o excesso de dano à matriz celular. Tal modulação realizada pelo SNC seria um mecanismo natural de defesa do organismo contra a falha catastrófica e o rigor mortis. Alguns resultados obtidos pelo Grupo de Estudo em Psicofisiologia do Exercício poderiam ser interpretados de acordo com a presença de uma reserva neurofisiológica, pois a potência mecânica máxima (WMAX) num teste incremental máximo foi aumentada após ingestão de cafeína e placebo percebido como cafeína, porém, sem alteração no consumo máximo de oxigênio (VO2MAX), sugerindo não haver limitação periférica. Entretanto, estudos devem ser desenhados para responder essa questão de forma mais consistente, incluindo medidas metabólicas e de excitabilidade dos músculos esqueléticos, mas também do SNC, durante exercício.
The traditional model of exercise physiology assumes that there would be a peripheral (muscular) limit in maximal aerobic exercises due to severe hypoxia derived from inadequate oxygen supply to the skeletal muscles. This event is to be coincident with the total recruitment of available motor units in the active muscles. However, recent evidence does not agree with these predictions. Rather, a centrally-regulated effort model argues that there is a neurophysiological reserve in all maximal aerobic exercises. In this new interpretation the central nervous system (CNS) would modulate the muscle recruitment to prevent the recruitment of all available motor units at the same time in order to avoid excessive harm in cellular matrixes. Such modulation performed by the CNS would be a natural mechanism to defend the body against catastrophic failure and rigor mortis. Some results obtained by the Exercise Psychophysiology Research Group may be interpreted according to this neurophysiological reserve as the peak power output (WPEAK) in a maximum incremental test was increased after caffeine and placebo perceived as caffeine ingestion, but without change in maximal oxygen consumption (VO2MAX), suggesting no peripheral limitation. Yet, studies including measures of metabolic and skeletal muscle excitability in addition to the CNS function during exercise may answer this question closer.
Subject(s)
Central Nervous System , Muscle, Skeletal , Oxygen , Motor ActivityABSTRACT
Variáveis fisiológicas, biomecânicas, psicológicas e técnicas podem interferir no desempenho na natação. Dentre os aspectos técnicos, não se sabe se a razão entre número de braçadas e frequência de respirações poderia influenciar no tempo de nado. O objetivo do estudo foi analisar a influência de diferentes ciclos respiratórios durante nado crawl de 50m. Vinte indivíduos (23,0 ± 2,3 anos, 174 ± 5,0 cm, 70,1 ± 4,5 kg e 10,6 ± 2,1% gordura) completaram uma prova de 50m no menor tempo possível, em piscina semi-olímpica. As seguintes relações braçada/ciclos respiratórios foram usadas: 1x1, 3x1, 5x1, 7x1e 9x1. A velocidade média (VM), freqüência de braçada (FB), comprimento de braçada (CB) e índice de braçada (IB) foram obtidos. Não houve diferença significante na VM e na FB entre as diferentes relações braçadas/ciclos respiratórios. Contudo, houve diferença no CB (2,8 ± 0,3 e 2,5 ± 0,2 m; p = 0,04) e no IB (113,1 ± 17,3 e 97,0 ± 13,8 m/seg/m; p = 0,01) entre as relações 1x1 e 9x1, respectivamente. Os resultados obtidos demonstram que as razões braçadas/ciclos respiratórios não interferem no desempenho durante o nado crawl de 50m. Contudo, as diferenças no tempo gasto para completar os 50 metros, embora sem significância estatística, seriam suficientes para definir as primeiras colocações numa prova competitiva.
Physiological, biomechanical, psychological and technique variables affect swimming performance. Considering technique variables, it is not know if the relationship between stroke/respiratory cycle would influence performance in a 50m crawl swimming. Twenty individuals (23.0 ± 2.3 years, 174 ± 5,0 cm, 70.1 ± 4.5 kg and 10.6 ± 2.1% of body fat) performed 50m as fast as possible, in a semi-olympic swimming pool. The following stroke/respiratory cycles were used: 1x1, 3x1, 5x1, 7x1 e 9x1. Mean velocity (MV), swimming stroke frequency (SSF), swimming stroke length (SSL), and swimming stroke index (SSI) were obtained. There was no significant difference in MV and SSF among different respiratory cycles. However, SSL (2.8 ± 2.5 and 0.29 ± 0.23 m; p = 0.04) and SSI (113.1 ± 97.0 and 17.33 ± 13.80 m/seg/m; p = 0.01) were different between 1x1 and 9x1, respectively. Results suggest that different respiratory cycles do not affect the performance during 50m crawl swimming. Yet, differences in time to complete the 50 meters, although not statistically significant, could define the first positions in a competitive event.