ABSTRACT
O presente artigo teórico tem como objetivo analisar a degradação das relações de trabalho nos modelos de gestão gerencialistas descritos por Vincent de Gaulejac a partir da compreensão de banalidade do mal desenvolvida por Hannah Arendt e, posteriormente, relacionada ao contexto de trabalho por Christophe Dejours. Por meio da análise da ideologia gerencialista identificada por Gaulejac que é acompanhada por elementos como os métodos de avaliação individualizados e a instrumentalização dos trabalhadores , são tecidas considerações a respeito de práticas de violência psicológica no ambiente laboral. Considerando que a banalização do mal se caracteriza pela supressão da faculdade de pensar e é facilitada pelo medo e por distorções comunicacionais, identifica-se que não é necessário desejar o mal de forma deliberada para ser conivente com a sua execução. Por conseguinte, pretende-se, com a construção do presente estudo teórico, contribuir à compreensão da exploração subjetiva de trabalhadores e da manutenção de práticas violentas e desagregadoras nas relações de trabalho.(AU)
This theoretical article aims to analyze the degradation of labor relation in the managerialism models described by Vincent de Gaulejac from the understanding of the banality of evil developed by Hannah Arendt and, posteriorly, related to work context by Christophe Dejours. We seek to make considerations about the practices of psychological violence in the workplace through the analysis of the managerialist ideology identified by Gaulejac, which has elements such as individualized assessment methods and the worker instrumentalization. Having in mind that the banalization of evil is characterized by the suppression of the faculty of thinking and that it is facilitated by communicational distortions and by the fear, it is identified that it is not necessary to wish evil deliberately to be conniving with its execution. Therefore, we intend, through this theoretical study, contribute to the comprehension of the subjective exploitation of workers and the maintenance of violent practices that fragment the collective in the workplace.(AU)
El presente estudio teórico tiene como objetivo analizar la degradación de las relaciones laborales en los modelos de gestión managerial, descritos por Vincent de Gaulejac, desde la comprensión de la banalidad del mal desarrollada por Hannah Arendt y, más tarde, relacionada con el contexto de trabajo por Christophe Dejours. A través del análisis de la ideología gestionaria, caracterizada por métodos de evaluación individualizados y la instrumentalización del trabajador, tiene como objetivo desarrolhar consideraciones sobre las prácticas de violencia psicológica en el entorno laboral. Teniendo en cuenta que la trivialización del mal se caracteriza por la supresión de la facultad de pensar y es facilitada por distorsiones comunicacionales y por el miedo, se identifica que no hay necesidad de desear el mal para convertirse em cómplice. Se pretende con la construcción de este estudio teórico, contribuir a la comprensión de la explotación subjetiva de los trabajadores y del mantenimiento de prácticas violentas que fragmentan al colectivo en el trabajo.(AU)
Subject(s)
Humans , Organization and Administration , Workplace Violence , Working ConditionsABSTRACT
Na atual crise da cultura, quando a irracionalidade se instala no sujeito social, como uma resultante de múltiplas operações cognitivo-emocionais, dir-se-ia que o primitivo avança de dentro para fora sobre a consciência civilizatória. São estudados, neste ensaio, alguns dos fatores que contribuem para o fenômeno denominado por Hanna Arendt de banalidade do mal. Este, que é uma consequência do colapso do pensamento crítico, contribui para uma burocrática e sistematizada desumanização do outro. Escolhe-se como recorte conceitual o exame da simbolização da pulsão no campo do cultural, mais especificamente dos efeitos da não simbolização e seus vazios representacionais decorrentes, pois se entende que estes contribuem para a piora do mal-estar contemporâneo na cultura(AU)
In the current culture crisis, in which irrationality is installed, as a result of multiple cognitive-emotional operations in the social subject, one would say that the primitive advances from inside outwards over the civilizational consciousness. Some of the factors mentioned by Hanna Arendts banality of evil are studied in this essay. This, a consequence of the collapse of critical thinking, contributes for a bureaucratic and systematized dehumanization of the other. The analysis of the symbolization in the cultural field is chosen as a framework, more specifically the effects of non-symbolization and its consequent representational voids. We understand that those contribute for the worsening of the malaise in contemporary culture(AU)
ABSTRACT
La bioética resalta la prominencia de la no maleficencia, sea como principio o como fundamentos de la moral común, pero no ha desarrollado una reflexión más profunda sobre el mal. El presente trabajo indaga acaso el mal radical -que decreta la superfluidad de lo humano ejercida, recurriendo a biopolíticas tanatológicas ("hacer vivir y dejar morir" según la fórmula original de Foucault)- y la banalidad del mal entendida como maleficencia inexplicable basada en ceguera moral de los perpetradores; ambos pueden coexistir con una bioética que rechaza el mal y requiere la responsabilidad de quienes lo cometen. La conclusión es reconocer que la bioética se opone a toda biopolítica tanatológica y se niega a conceder que la ceguera moral sea excusa para no asumir la responsabilidad de actos maleficentes. La teoría sobre el mal de Arendt es incompatible con la reflexión fundamentada en evaluar actos emprendidos en libertas y responsabilidad.
Bioethics emphasizes the primary importance of non-maleficence, be it as a principle or as the essential background of common morality. And yet, bioethics has not developed a deeper understanding about evil. The present text inquires perhaps radical evil - that order the human superfluity practiced, appealing to than atological biopolitics ("To make live and to let die" according to Focault) and the banality of evil understood as inexplicable maleficence perpetuated by thoughtlessness leading to moral turpitude. Both can coexist by bioethics that rejects the evil and requires responsibility from evildoers. The conclusion reached in this essay is that bioethical deliberations must defy biopolitics, and reject thoughtlessness that dismisses the assumption and adscription of responsibility. H. Arendt's thoughts on evil are incompatible with the essential premise of (bio) ethics based on evaluating acts performed in liberty and responsibility.
A bioética destaca a proeminência da não maleficência, seja como um princípio ou como fundamentações da moral do comum, mas não tem desenvolvido uma reflexão mais profunda sobre o mal. Este trabalho pesquisa o mal radical que decreta a superfluidade do humano exercida, usando as biopolíticas tanatológicas ("deixar viver, e fazer para morrer", de acordo com a fórmula original de Foucault) - e a banalidade do mal entendida como maleficência inexplicável baseada na cegueira moral dos perpetradores, ambos podem coexistir com uma bioética que rejeita o mal e envolve a responsabilidade daqueles que o cometem. A conclusão é de reconhecer que a bioética opõe-se a qualquer biopolítica tanatologica e se recusa a admitir que a cegueira moral não seja desculpa para assumir a responsabilidade pelos atos maleficentes. A teoria sobre o mal de Arendt é incompatível com a reflexão fundamentada em avaliar atos praticados em libertar e a responsabilidade.
Subject(s)
Humans , Bioethics , Philosophy , Bioethical Issues , RespectABSTRACT
O artigo retoma as questões levantadas por Freud em "O mal-estar na civilização" (1930/1994) para reuni-las em torno da clínica do trabalho contemporâneo. Se o trabalho pode gerar o que há de melhor em termos de sublimação e de autorrealização, pode também gerar o pior, qual seja: a banalização do sofrimento infligido ao outro, que leva alguns indivíduos a não encontrar outra saída senão o suicídio no local de trabalho. Será que os novos métodos de organização do trabalho favorecem o consentimento com práticas que, no entanto, condenamos moralmente?
The article picks up on matters brought to light by Freud in "Civilization and Its Discontents", in order to gather them around the clinic of contemporary work. If work can generate the best in terms of sublimation and self-realization, it can also generate the worst: the banalization of suffering inflicted on others, which leads certain individuals to find no way out other than committing suicide at their work places. Could it be that the new methods of work organization favor consent towards practices which, on the other hand, we morally condemn?
El artículo retoma las cuestiones levantadas por Freud en El malestar en la cultura para reunirlas en torno a la clínica del trabajo contemporáneo. Si el trabajo puede generar lo mejor en términos de sublimación y autorrealización, puede generar también lo peor, ya sea: la banalización del sufrimiento infligido al otro, que lleva a algunos individuos a no encontrar otra salida que no sea el suicidio en los locales de trabajo. ¿Será que los nuevos métodos de organización del trabajo favorecen el consentimiento con prácticas que, sin embargo, condenamos moralmente?