ABSTRACT
A hemácia é carregada negativamente, principalmente devido ao ácido siálico que gera um potencial elétrico denominado Potencial Zeta que impede a aglutinação intravascular. Os testes de hemaglutinação na rotina transfusional, necessitam de substâncias potencializadoras, das quais muitas agem diminuindo o Potencial Zeta para se ter maior sensibilidade. Através da pinça óptica, ferramenta capaz de capturar células utilizando a luz, foi proposta uma metodologia para quantificar o potencial zeta e aplicar em hemácias coletadas com EDTA e estocadas em CPD-SAGM (visando avaliar alterações de cargas da membrana relacionadas a lesões de armazenamento. Os potenciais zeta em CPD-CAGM foram superiores (-14,8 mV) aos em EDTA (-7,9 mV) e decrescentes a partir do primeiro dia de armazenamento, estabilizando-se a partir da terceira semana com potencial zeta -7,6 mV. Hemácias com CPD-SAGM apresentaram potencial zeta maior, pois possivelmente este conservante evitou lesões mais significativas da membrana que poderiam alterar as cargas. A redução do potencial zeta no armazenamento pode ser consequência de enzimas liberadas de leucócitos lisados que tenham alterado as glicoforinas da membrana. A metodologia permitiu avaliar o potencial zeta em diferentes condições e poderá contribuir na padronização de técnicas de hemaglutinação com diferentes meios potencializadores e no melhor conhecimento das lesões de estocagem para fins transfusionais.