ABSTRACT
The traditional view that the Brazilian Amazonia is located in a tectonically stable area since the Cretaceous is changing in front of the increasing documentation of fault reactivations even during the Holocene. How the sedimentary record has responded to these events is an issue that remains to be approached with basis on field data. This work focuses on the stratigraphic correlation of late Quaternary deposits from eastern Marajó Island, with the goal of demonstrating the role of fault reactivation on the origin and preservation of these deposits. Despite the location in a stable platform of a continental passive margin, three studied stratigraphic units display significant vertical offsets that define two depocenters that are better explained through tectonic displacements. This interpretation is reinforced by several morphostructural features related to faults that occur between the studied drills. Without the influence of tectonics, sediment preservation in this characteristically low-lying terrain would have been negligible. The results of the present work motivate to look for other tectonically-influenced areas in Amazonia, which similarly might have acted as sites for sediment accommodation during the late Quaternary. These sedimentary records have great potential to be the source of valuable information for reconstructing Quaternary geological events in Northern Brazil.
A visão tradicional de que a Amazônia brasileira localiza-se em ma área tectonicamente estável desde o Cretáceo está mudando perante a crescente documentação de reativações de falha, até mesmo durante o Holoceno. Como o registro sedimentar respondeu a esses eventos é um tema que permanece por ser abordado com base em dados de campo. Este trabalho enfatiza a correlação estratigráfica de depósitos quaternários tardios no leste da Ilha do Marajó, com o objetivo de demonstrar a importância de reativações de falha na origem e preservação desses depósitos. Apesar da localização em área de plataforma de uma margem continental passiva, três unidades estratigráficas estudadas mostram significantes rejeitos verticais, que definem dois depocentros, explicados por deslocamentos tectônicos. Esta interpretação é reforçada por várias feições morfoestruturais relacionadas com falhas localizadas entre os poços estudados. Sem influência tectônica, a preservação de sedimentos nesse terreno, caracteristicamente plano, seria imperceptível. Os resultados do presente trabalho motivam a procurar outras áreas tectonicamente influenciadas da Amazônia, que possam ter atuado como sítios de acomodação de sedimentos durante o Quaternário tardio. Esses registros sedimentares têm grande potencial de serem fontes de informações valiosas para auxiliar na reconstrução de eventos geológicos quaternários no norte do Brasil.
ABSTRACT
This paper presents unexpectedly early dates for a Tupiguarani settlement in Southeastern Brazil. One radiocarbon dating of 1740 ± 90 yr BP (1820-1390 cal yr BP) was already available for the Morro Grande site (Araruama, southeastern coast of Rio de Janeiro State). Two new dates, obtained from charcoal samples, are reported here. An age of 2920 ± 70 yr BP (3220-2790 cal yr BP) was obtained from a specialized hearth, probably used for cooking ceramics; a funerary hearth at the same archaeological locus was dated at 2600 ± 160 yr BP (3000-2150 cal yr BP). Both measurements were made independently, indifferent laboratories, arguing for their validity. These results considerably age the arrival time of Tupiguarani populations to the coastal region of Southeastern Brazil. They may have important implications to the hypotheses about the origin and dispersion of these populations from Amazonia, supporting the claim of recent authors who consider that their expansion must have begun well before 2000 yrs BP.
Este artigo apresenta datações inesperadamente antigas para umassentamento Tupiguarani no sudeste do Brasil. Uma datação radiocarbono de 1740 ± 90 anos AP (1820-1390 cal anos AP) já existia para o sítio de Morro Grande, situado no município de Araruama, na costa sudeste do Estado do Rio de Janeiro. Duas novas datações, obtidas de amostras de carvão, são apresentadas neste trabalho. A data de 2920 ± 70 anos AP (3220-2790 cal anos AP) foi obtida a partir de uma fogueira de uso específico, provavelmente destinada a queimar cerâmica; uma outra provém de uma fogueira funerária do mesmo setor arqueológico, datada em 2600 ± 160 anos AP (3000-2150 cal anos AP). As duas medidas foram feitas independentemente, em laboratórios diferentes, o que reforça sua validade. Estas datações mostram que o momento de chegada de populações Tupiguarani à costa brasileira ocorreu muito antes do que se imaginava. Elas podem ter importantes implicações para as hipóteses sobre a origem e a dispersão dessas populaçõesa partir da Amazônia, corroborando a hipótese de autores recentes que consideram que a expansão Tupi deve ter começado bem antes de 2000 anos AP.
