ABSTRACT
ABSTRACT Objective: To describe the sociodemographic, socio-occupational profile, and effects on the health of artisanal fishers from the state of Pernambuco, Brazil, affected by the oil disaster-crime in Brazil in 2019. Methods: This is a cross-sectional epidemiological study, carried out in 16 municipalities on the coast of Pernambuco, with a sample made up of 1,259 artisanal fishers. A questionnaire containing 14 blocks was used, including socioeconomic issues, exposure to oil, among others. A descriptive analysis was carried out with calculation of simple frequencies and percentages. Results: Of those interviewed, 95.1% considered fishing as their main occupation and 97% were carrying out this activity. Among fishers, the most common fishing spot was the mangrove, and wood fire was used in the work process by around 60% of the population. Regarding health issues, 34.4% reported a severe headache or migraine and 28.2% reported burning eyes, within one to three months after the oil spill. Conclusion: According to the results, working, health, and lifestyle conditions were impacted by the oil disaster-crime. Further research should be carried out to better understand the damage caused by exposure to oil and its effects on the health of fishers. Observing the profile of people who live in artisanal fishing territories in Pernambuco is paramount for public policies and government actions that promote safe and sustainable territories.
RESUMO Objetivo: Descrever os perfis sociodemográfico e socio-ocupacional e efeitos na saúde dos pescadores artesanais de Pernambuco afetados pelo desastre-crime do petróleo no Brasil em 2019. Métodos: Estudo epidemiológico transversal, realizado em 16 municípios do litoral pernambucano, com amostra composta por 1.259 pescadores artesanais. Foi utilizado um questionário contendo 14 blocos, incluindo questões socioeconômicas, de exposição ao petróleo, entre outras. Foi realizada uma análise descritiva com cálculo de frequências simples e percentual. Resultados: No total, 95,1% das pessoas consideram a pesca como seu principal trabalho e 97% estavam exercendo essa atividade. Entre os pescadores, o local de pesca mais comum foi o mangue, e o fogo à lenha foi utilizado no processo de trabalho por cerca de 60% da população. Em relação a problemas de saúde, 34,4% relataram dor de cabeça forte ou enxaqueca e 28,2%, ardência nos olhos, no período de 1 a 3 meses após o derramamento de petróleo. Conclusão: As condições de trabalho, de saúde e de estilo de vida foram impactadas pelo desastre-crime do petróleo. Outras pesquisas deverão ser desenvolvidas para melhor compreender os danos da exposição ao petróleo e seus efeitos na saúde dos pescadores. Observar o perfil das pessoas que vivem nos territórios da pesca artesanal em Pernambuco é fundamental para políticas públicas e ações governamentais que promovam territórios saudáveis e sustentáveis.
ABSTRACT
Em 2019, o litoral nordestino foi atingido por um derramamento de petróleo, considerado o maior desastre ambiental desse tipo no Brasil. Após a notícia repercutir rapidamente nas mídias sociais, a mídia hegemônica TV, internet e jornal começou a veicular reportagens sobre o desastre priorizando as vozes institucionais e especializadas em detrimento das vozes dos territórios afetados. Este artigo analisa o discurso midiático a respeito do derramamento de petróleo no estado de Pernambuco. Realizou-se pesquisa documental com dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a partir de matérias publicadas pelo Jornal do Commercio. Para análise utilizou-se o método do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Como resultado, elaborou-se uma linha do tempo que interligou a identificação do petróleo às matérias do jornal, classificando as narrativas conforme os impactos ambientais, socioeconômicos e os danos à saúde. O tema da saúde teve baixa visibilidade no jornal, demonstrando ser necessário se repensar as práticas comunicacionais frente a desastres ambientais.
In 2019, the northeast coast of Brazil was hit by an oil spill that was considered the biggest environmental disaster of its kind in the country. The news quickly reverberated in the social media, however, the hegemonic media (TV, internet and newspapers) started to broadcast news about the disaster focusing on the institutional voices and on specialists to the detriment of the voices of the people living in the affected areas. This paper analyzes the media discussion about the oil spill off the coast of Pernambuco. Documentary research was carried out with data from Ibama and articles published by Jornal do Commercio. For the analysis we used the Collective Subject Discourse (CSD) method. As a result, we created a timeline linking the finding of the oil to the journalist articles, classifying the narratives according to environmental, socioeconomic and health impacts. The topic of health had low visibility on the newspaper, showing the need to rethink the communication practices in the face of environmental disasters.
En 2019, la costa noreste fue golpeada por un derrame de petróleo, considerado el mayor desastre ambiental de este tipo en Brasil. Luego que la noticia resonara en las redes sociales, los medios hegemónicos comenzaron a difundir reportajes sobre el desastre, priorizando las voces institucionales y especializadas en detrimento de las voces de los territorios afectados. Este artículo analiza el discurso mediático sobre el derrame de petróleo en Pernambuco. La investigación documental fue realizada con datos del Ibama y artículos publicados en el Jornal do Commercio. Para el análisis se utilizó el método discursivo del sujeto colectivo. Como resultado, se elaboró una línea de tiempo que vincula la identificación del petróleo con Jornal do Commercio y se identificaron narrativas considerando los impactos ambientales, socioeconómicos y de salud. El tema de la salud tuvo poca visibilidad en el periódico, demostrando la necesidad de repensar las prácticas de comunicación frente a los desastres ambientales