ABSTRACT
Justificativa e objetivos: A miocardiopatia hipertrófica é uma doença cardíaca rara, com transmissão autossômica dominante e que se caracteriza pela hipertrofia do septo ventricular e pelas anormalidades da valva mitral. Relato do caso: Paciente secundípara, de 25 anos, com diagnóstico de miocardiopatia hipertrófica há quatro anos e antecedente de asma leve intermitente controlada com inalações esporádicas de corticosteroides. Apresentava sopro holossistólico IV/VI plurifocal e importante escoliose, com os espaços intervertebrais palpáveis. Acusou palpitações esporádicas durante toda a gravidez e recebia medicação de 100 mg de atenolol por dia. Apresentava hemograma, creatinina e eletrólitos dentro dos limites normais, ecocardiograma com miocardiopatia hipertrófica de predomínio septal, com fração de ejeção sistólica de 0,76 por cento. A paciente entrou em trabalho de parto de rápida evolução e nasceu criança viva, do sexo feminino, com APGAR 9/9 sem complicações maternas nem fetais. Foi realizada a programação para a realização de salpingectomia parcial bilateral. Em consulta, a paciente negou-se a receber anestesia para o procedimento. A técnica anestésica de eleição foi a regional combinada. O procedimento cirúrgico durou 20 minutos e as mudanças de pressão arterial junto com a frequência cardíaca foram 10 por cento menores que as dos valores iniciais, sem complicações hemodinâmicas nem cirúrgicas imediatas. Conclusões: A mortalidade absoluta materna com miocardiopatia hipertrófica (MH) é muito baixa e costuma aparecer em mulheres com fatores de alto risco. Não há evidências de que a anestesia regional aumente o risco em mulheres com MH quando é utilizada para o parto vaginal. Tanto a anestesia geral como a regional foram utilizadas com sucesso e sem complicações em cesarianas de parturientes com MH.
Background and objectives: Hypertrophic cardiomyopathy is a rare, autosomal dominant cardiac disorder characterized by hypertrophy of the interventricular septum and mitral valve abnormalities. Case report: A 25-year old female, second gestation, with a diagnosis of hypertrophic cardiomyopathy for four years and history of mild intermittent asthma controlled with sporadical use of corticosteroids. On physical exam, the patient had a IV/VI systolic and plurifocal heart murmur and accentuated scoliosis with palpable intervertebral spaces. She complained of occasional palpitations during pregnancy, and was treated with 100 mg of atenolol a day. Complete blood count, creatinine, and electrolytes were within normal limits; echocardiogram showed hypertrophic cardiomyopathy predominantly septal and ejection fraction of 0.76 percent. The patient underwent emergency labor giving birth to a live female fetus, Apgar 9/9, without maternal and fetal hemodynamic complications. The patient was scheduled for bilateral partial salpingectomy. During the interview, the patient refused general anesthesia for the procedure. A decision was made for combined regional blockade. The surgical procedure lasted 20 minutes during which changes in blood pressure and heart rate were up to 10 percent lower than baseline levels without immediate hemodynamic or surgical complications. Conclusions: Absolute maternal mortality in hypertrophic cardiomyopathy (HC) is very low and it is usually seen in patients with high risk factors. Evidence does not show an increased risk of regional blocks in females with HC when it is used for vaginal delivery. Both general anesthesia and regional blocks were successfully used without complication for cesarean sections in patients with HC.
Justificativa y objetivos: La cardiomiopatía hipertrófica es enfermedad cardíaca rara, con transmisión autosómica dominante que se caracteriza por hipertrofia del septum ventricular y anormalidades de la válvula mitral. Relato del caso: Paciente segundigesta, 25 años con diagnóstico de cardiomiopatía hipertrófica hace 4 años e antecedente de asma bronquial leve intermitente controlada con inhalaciones esporádicas de corticoesteroides. Presentaba soplo holosistólico IV/VI plurifocal e importante escoliosis, con los espacios intervertebrales palpables. Refirió palpitaciones esporádicas durante todo el embarazo y se encontraba medicada con 100 mg de atenolol diarios. Presentaba hemograma, creatinina y electrolitos dentro de los límites normales, ecocardiograma que reportaba cardiomiopatía hipertrófica de predominio septal con fracción de eyección sistólica del 76 por ciento. La paciente entró en labor de parto de urgencia, obteniéndose producto femenino vivo, APGAR 9/9, sin complicaciones hemodinámicas maternas ni fetales. Se programa para la realización de salpingectomía parcial bilateral. Se entrevista a la paciente, la cual nos refirió que se rehusaba a recibir anestesia general para el procedimiento. La técnica anestésica elegida fue la regional combinada. El procedimiento quirúrgico duró 20 minutos, y los cambios de presión arterial y frecuencia cardíaca fue menos del 10 por ciento que el de los valores iniciales, sin complicaciones hemodinámicas ni quirúrgicas inmediatas. Conclusiones: La mortalidad absoluta materna con cardiomiopatia hipertrófica (CH) es muy baja y suele estar confinada a mujeres con factores de alto riesgo. No hay evidencia que la anestesia regional aumenta el riesgo en mujeres con CH cuando se utiliza para el parto vaginal. Tanto la anestesia general como regional han sido utilizado con éxito y sin complicaciones en cesáreas de parturientas con CH.
Subject(s)
Adult , Female , Humans , Anesthesia , Fallopian Tubes/surgery , Cardiomyopathy, Hypertrophic/complications , Gynecologic Surgical Procedures/methodsABSTRACT
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A cardiomiopatia hipertrófica familiar (CHF) é uma doença cardíaca rara, com transmissão hereditária, caracterizada por hipertrofia do septo ventricular e grau variável de estenose aórtica subvalvar. Nessa doença, o aumento da contratilidade do miocárdio e a diminuição da resistência vascular periférica podem agravar a obstrução da via de saída do VE, produzindo disritmia e isquemia cardíaca. Este relato objetivou discutir o manuseio anestésico para cesariana em paciente com CHF. RELATO DO CASO: Paciente com 33 semanas de gestação e diagnóstico prévio de CHF apresentou no holter de 24 horas 22 episódios de taquicardia ventricular não-sustentada (TVNS) e dois episódios de taquicardia ventricular sustentada (TVS). Referia episódios de palpitação, dispnéia e dor precordial de curta duração. A paciente foi medicada com atenolol e apresentou controle dos sintomas e das disritmias cardíacas. Com 38 semanas e 5 dias de gestação a paciente foi submetida à cesariana eletiva. Além do habitual a monitorização contou com análise de segmento ST e pressão arterial invasiva. Utilizou-se anestesia raquiperidural com injeção de 5 µg de sunfentanil na raqui seguida de administração de bupivacaína a 0,375 por cento em doses de incremento até atingir altura de T6 (total de 16 mL). Utilizou-se metaraminol como vasopressor. Não houve hipotensão arterial materna ou outras complicações no perioperatório. CONCLUSÕES: A anestesia geral é freqüentemente utilizada para cesarianas de pacientes com CHF. A anestesia raquiperidural com instalação lenta do bloqueio foi uma alternativa segura. Nessas pacientes, o aumento da contratilidade miocárdica deve ser evitado, devendo-se, se necessário, utilizar-se um a-agonista para correção de hipotensão arterial materna.
BACKGROUND AND OBJECTIVES: Familiar Hypertrophic cardiomyopathy (FHC) is a rare hereditary cardiac disorder characterized by hypertrophy of the ventricular septum and variable degrees of subvalvular aortic stenosis. In this disease, the increase in myocardial contractility and reduction in peripheral vascular resistance can aggravate left ventricular outlet obstruction, leading to arrhythmias and cardiac ischemia. The objective of this report was to discuss the anesthetic management of cesarean section in a patient with FHC. CASE REPORT: A patient in the 33rd week of pregnancy and prior diagnosis of FHC presented, on the 24-hour Holter monitor, 22 episodes of non-sustained ventricular tachycardia (NSVT) and 2 episodes of sustained ventricular tachycardia (SVT). She complained of episodes of palpitation, dyspnea, and chest pain of short duration. The patient was medicated with atenolol, with control of symptoms and cardiac arrhythmias. Within 38 weeks and 5 days of gestation, the patient underwent elective cesarean section. Besides the usual monitoring, analysis of the ST segment and invasive blood pressure were also instituted. Anesthesia consisted of combined spinal-epidural technique with subarachnoidal administration of 5 µg of sufentanil followed by the administration of increasing doses of 0.375 percent bupivacaine until it reached the level of T6 (total of 16 mL). Metaraminol was used as a vasopressor. Perioperative maternal hypotension or other complications were not observed. CONCLUSIONS: General anesthesia is often used for cesarean sections in patients with FHC. Spinal-epidural anesthesia with slow installation of the blockade was a safe alternative. In those patients, one should avoid an increase in myocardial contractility and, if necessary, a a-agonist should be used to treat maternal hypotension.
JUSTIFICATIVA Y OBJETIVOS: La cardiomiopatía hipertrófica familiar (CHF) es una enfermedad cardiaca rara con transmisión hereditaria caracterizada por hipertrofia del septo ventricular y grado variable de estenosis aórtica subvalvar. En esa enfermedad, el aumento de la contratilidad del miocardio y la disminución de la resistencia vascular periférica pueden agravar la obstrucción de la vía de salida del VE, produciendo arritmia e isquemia cardiaca. Este relato quiso discutir el manoseo anestésico para cesárea en paciente con CHF. RELATO DEL CASO: Paciente con 33 semanas de embarazo y diagnóstico previo de CHF presentó en el holter de 24 horas 22 episodios de taquicardia ventricular no sustentada (TVNS) y 2 episodios de taquicardia ventricular sustentada (TVS). Refería episodios de palpitación, disnea y dolor precordial de corta duración. La paciente fue medicada con atenolol y presentó control de los síntomas y de las arritmias cardiacas. Con 38 semanas y 5 días de embarazo la paciente fue sometida a la cesárea electiva. Además de la habitual monitorización contó con el análisis de segmento ST y presión arterial invasiva. Se utilizó anestesia intradural-epidural con inyección de 5 µg de sunfentanil en la raqui seguida de administración de bupivacaína a 0,375 por ciento en dosis de incremento hasta alcanzar una altura de T6 (total de 16 mL). Se usó metaraminol como vasopresor. No hubo hipotensión arterial materna u otras complicaciones en el perioperatorio. CONCLUSIONES: La anestesia general se usa con frecuencia para cesáreas de pacientes con CHF. La anestesia intradural-epidural con instalación lenta del bloqueo fue una alternativa segura. En esas pacientes, el aumento de la contratilidad miocárdica debe ser evitado, y si fuere necesario se debe utilizar un a-agonista para la corrección de hipotensión arterial materna.