ABSTRACT
O trabalho objetivou verificar a associação entre insegurança alimentar e depressão nas famílias do território de uma Unidade de Atenção Primária à Saúde (APS).Teve por método estudo transversal com amostragem populacional aleatória sistemática foi realizado nos domicílios dos setores censitários abrangidos pela Unidade de Saúde Barão de Bagé, do Serviço de Saúde Comunitária do Grupo Hospitalar Conceição, em Porto Alegre/RS, de fevereiro à junho de 2010. Foi aplicado um questionário padronizado à pessoa de referência da alimentação no domicílio. Realizou-se análise descritiva para caracterização da população e análises univariadas e multivariadas por meio de Regressão de Poisson com variação robusta para avaliar as associações das variáveis independentes com o desfecho depressão. Variáveis sócio-demográficas do entrevistado e do domicílio e o nível de insegurança alimentar foram incluídas entre as preditoras. O desfecho foi identificado mediante rastreamento com o instrumento PHQ2 validado no Brasil para uso em APS.Foram entrevistados 92 domicílios, compreendendo 304 indivíduos. Cerca de 40% dos domicílios localizavam-se em becos (áreas irregulares com sub habitações). Detectou-se prevalência de 35,9% de insegurança alimentar nas famílias e 19,6% dos entrevistados apresentaram rastreamento positivo para depressão. Na análise univariada, as variáveis insegurança alimentar, localização do domicílio em beco, escolaridade e idade do entrevistado apresentaram nível de significância ≤0,20 e foram selecionadas para análise multivariada. Ao final, insegurança alimentar (p=0,006) e localização do domicílio em beco (p=0,047) permaneceram no modelo.Insegurança alimentar na família e localização do domicilio em beco estão associados à depressão no respon sável pela alimentação na casa. Equipes de Atenção Primária à Saúde que pesquisem insegurança alimentar em seu terrtitório devem estar alertas para identificar pessoas que devem ser melhor avaliadas para depressão.
