ABSTRACT
O presente ensaio tem como objetivo apresentar o ethos que subjaz às duas grandes narrativas homéricas, no intuito de caracterizar o povo grego tal como descrito por Homero, tanto na Ilíada quanto na Odisséia, como uma Cultura da Vergonha em oposição a uma Cultura da Culpa, terminologia cunhada por Ruth Benedict e apropriada por E. R. Dodds em sua análise do mundo helênico. Pretende-se, ainda, mostrar que mesmo definida essencialmente como uma cultura da vergonha, a coletividade narrada por Homero, principalmente na Odisséia, deixa antever as condições de possibilidade para o estabelecimento de uma cultura da culpa, que irá concretizar-se nos períodos posteriores da Antigüidade helênica(AU)
The present essay intends to bring out the ethos that lies beneath the two great Homeric narratives, in order to characterize the Greek people, as described in the Iliad and in the Odyssey, as a Shame Culture in opposition to the Guilt Culture, terminology coined by Ruth Benedict and adopted by E. R. Dodds in his analysis of the Hellenic world. It also aims to show that, though defined essentially as a shame culture, the collectivity referred to by Homer, mainly in the Odyssey, allows to foresee the conditions of possibility for the establishment of a guilt culture, that will come to existence in ulterior periods of Greek antiquity(AU)