ABSTRACT
Descreve-se neste artigo a história do Hospital das Clínicas da Universidade Federal deMinas Gerais de 1928 a 1998 por intermédio da pesquisa qualitativa com análise documental e entrevistas com lideranças institucionais. A análise da dinâmica de funcionamento do HC/UFMG foi contextualizada a partir das relações com a Faculdade de Medicina, outras instâncias da UFMG e níveis gestores do Sistema de Saúde. Observou-se ao longo desse período o desenvolvimento de arranjos organizacionais caracterizados por diferentes formatos e modelos administrativos, tecnológicos e estruturais, resultantes de processos gerenciais que buscaram compatibilizar diversos interesses e projetos dos atores presentes no cotidiano organizacional em tensa convivência dirigentes, docentes, corpo técnico-administrativo, médicos-residentes e alunos. Para isso, as diretorias doHC/UFMG definiram estratégias que progressivamente imprimiram modificações significativas no contexto da instituição, administrando numerosas e complexas demandas de assistência, ensino e pesquisa, com permanente escassez de recursos e freqüentes crises financeiras. Internamente, ocorreram transformações dos processos de trabalho no campo gerencial, técnico e do ensino-aprendizagem, assim como da estrutura física e parque tecnológico do HC. Externamente, os novos arranjos produziram novas relações interinstitucionais no cenário universitário desde a administração central às unidades acadêmicas e os níveis gestores do sistema de saúde. Verificou-se com destaque nessa trajetória que a abertura e manutenção do Pronto-Atendimento exigiram investimentos de ordem política, administrativo-gerencial, técnica e financeira da comunidade acadêmica e hospitalar para adequação do HC ao seu novo papel de inserção no Sistema Único de Saúde, impondo uma nova lógica organizacional fundamentada na precedência do cuidado, o que determinou a configuração de novo modelo assistencial.