ABSTRACT
Resumo Pessoas sexo-gênero-diversas e que são não-monogâmicas tensionam a cisnormatividade e a mononormatividade. Em termos científicos, há uma nebulosidade quanto aos arranjos parenterais dessas pessoas. Assim, esta etnografia objetiva compreender a percepção de pessoas sexo-gênero-diversas não-monogâmicas sobre parentalidades. O referencial teórico utilizado partiu dos estudos não-monogâmicos, amor e sexualidade das Ciências Sociais e Humanas em Saúde da Saúde Coletiva, e o metodológico da etnografia digital. O trabalho de campo ocorreu entre 2021 e 2022, em um grupo on-line do WhatsApp. A observação participante foi empregada no grupo e foram realizadas entrevistas on-line semiestruturadas. Emergiram duas categorias: a) Os nós das parentalidades não-monogâmicas e b) As parentalidades coletivas. Na primeira, se explora a importância do vínculo nas redes afetivas e expõe as barreiras desses arranjos familiares. Já na segunda, se descreve a importância do viver em comunidade, bem como o resgate à ancestralidade indígena e negra. O resgate à ancestralidade e às formas de se viver em comunidade ganham relevo à medida que se compreende a importância que estes possuem na vivência das parentalidades de pessoas sexo-gênero-diversas e que são não-monogâmicas.
Abstract Sex-gender-diverse and non-monogamous strain cisnormativity and mononormativity. In scientific terms, the parenting arrangements of these people are uncertain. Thus, this ethnography aims to understand the perception of non-monogamous sex-gender-diverse people about parenting. The theoretical framework adopted is derived from non-monogamous studies, love and sexuality from the Social and Human Sciences in Public Health and the digital ethnography methodological framework. Fieldwork occurred from 2021 to 2022 through an online WhatsApp group. Participant observation was employed in the group, and semi-structured online interviews were held. Two categories emerged: a) The non-monogamous parenting nodes and b) Collective parenting. In the first, the importance of bonds in affective networks is explored, and the barriers to these family arrangements are exposed. The second describes the importance of living in a community, and Indigenous and Black ancestry is revived. The revived ancestry and ways of living in a community gain importance as we understand their relevance in the experience of parenting for sex-gender-diverse people who are non-monogamous.
ABSTRACT
Resumo Este artigo analisa as tensões e disputas entre poliamoristas e RLis (Relações Livres), as duas principais identidades não-monogâmicas no Brasil, nos anos 2000-2010, e aquelas responsáveis pela construção de uma militância em torno da multiplicidade afetiva e sexual. Que distinções e hierarquias são mobilizadas a partir de suas interações? É possível e desejável para ambos a consolidação de uma política identitária que subtraia ou invisibilize as suas diferenças em prol da categoria "não-monogamia"? A pesquisa foi realizada com base na análise de publicações em sites e grupos em redes sociais dedicados ao tema, além de entrevistas em profundidade e da participação em eventos não-monogâmicos. Apesar de aliados no combate à norma monogâmica, RLis e poliamoristas disputam a hegemonia do movimento não-monogâmico, divergindo em torno dos princípios que devem nortear os relacionamentos afetivo-sexuais.
Resumen Este artículo analiza las tensiones y disputas entre poliamorosos y RLis (Relações Livres), las dos principales identidades no monógamas en Brasil y las responsables del surgimiento de militancias en torno a la legitimación de la multiplicidad afectiva y sexual en los años 2000-2010. ¿Qué distinciones y jerarquías se movilizan a partir de sus interacciones? ¿Es posible y deseable que ambos consoliden una política identitaria que renuncie o invisibilice sus diferencias a favor de la categoría "no monogamia"? La investigación se realizó a partir del análisis de publicaciones en páginas web y grupos en redes sociales dedicados al tema, además de entrevistas en profundidad y participación en eventos no monógamos. Si bien se ven como aliados en la lucha contra la norma monógama, RLis y poliamorosos se disputan la hegemonía y el control del movimiento no monógamo, divergiendo en torno a los principios que deben guiar las relaciones afectivo-sexuales.
Abstract This article aims to analyze the tensions and disputes between polyamorists and RLis - Relações Livres (Free Relationships), the two main non-monogamous identities in Brazil, responsible for the rise of militancy around the legitimation of sexual-affective multiplicity in the years 2000-2010. What distinctions and hierarchies are mobilized from their interactions? Is it possible and desirable for them to consolidate an identity politics that subtracts or disguises their differences in favor of the "non-monogamy" category? The research was conducted on websites and groups in social media dedicated to the theme, in addition to in-depth interviews and participation in non-monogamous events. Even if they see themselves as allies in the struggle against compulsory monogamy, RLis and polyamorists disputed hegemony and control of the non-monogamous movement, diverging around the principles that should guide affective-sexual relationships.