ABSTRACT
Resumo Objetivo: Avaliar a relação custo-utilidade do tratamento inicial com laser ou medicamentos do glaucoma primário de ângulo aberto (GPAA) no Brasil, considerando de um lado os custos totais e de outro lado o impacto na qualidade de vida dos pacientes. Métodos: O estudo foi realizado com base em um modelo de Markov, onde uma coorte teórica de portadores de GPAA em estágio inicial foi gerada. Os parâmetros usados no modelo foram obtidos na literatura e incluíram: custos médicos diretos (consultas, exames, tratamento); custos não médicos diretos (gasto com hospedagem, transporte, alimentação, acompanhante); custos indiretos (relacionados à incapacidade para o trabalho); valores de utilidade (qualidade de vida medida em QALY - quality-adjusted life year); e probabilidade de transição entre os estágios de saúde. Três estratégias de tratamento foram testadas no modelo: (1) sem tratamento; (2) tratamento inicial com colírios; (3) tratamento inicial com trabeculoplastia a laser. A medida de desfecho foi a razão de custo-utilidade incremental (RCUI). A robustez do modelo foi testada através de análise de sensibilidade. Resultados: As estratégias (2) e (3) de tratamento inicial do GPAA geraram ganhos em qualidade de vida em relação à (1) no Brasil. Iniciar o tratamento com laser gerou ganho médio de 1 QALY, enquanto que com medicamentos propiciou um ganho de 2 QALYs em média. Dentre as três estratégias testadas, a estratégia (2) foi a custo-efetiva e foi dominante sobre as demais, pois foi ao mesmo tempo a mais barata e a mais efetiva. Conclusão: Tanto a trabeculoplastia a laser quanto os medicamentos como tratamentos primários do GPAA inicial geraram ganhos significativos de qualidade de vida. A estratégia de se iniciar o tratamento com medicações foi custo-efetiva, quando se considera os custos totais. A alternativa de tratamento inicial através de trabeculoplastia a laser não foi custo-efetiva.
Abstract Objective: To evaluate the cost-utility relation of the initial treatment with laser or primary open-angle glaucoma medications (PLA) in Brazil, considering on the one hand the total costs and on the other side the impact on patients' quality of life. Methods: The study was performed based on a Markov model, where a theoretical cohort of early-stage GPAA carriers was generated. The parameters used in the model were obtained in the literature and included: direct medical costs (consultations, examinations, treatment); direct non-medical costs (accommodation, transportation, meals, companions); indirect costs (related to incapacity for work); utility values (quality of life measured in QALY - quality-adjusted life year); and probability of transition between stages of health. Three treatment strategies were tested in the model: (1) without treatment; (2) initial treatment with eye drops; (3) initial treatment with laser trabeculoplasty. The measure of outcome was the incremental cost-utility ratio (RCUI). The robustness of the model was tested through sensitivity analysis. Results: The strategies (2) and (3) of the initial treatment of POAG generated gains in quality of life in relation to (1) in Brazil. Initiating the laser treatment generated an average gain of 1 QALY, whereas with medication it gave a gain of 2 QALYs on average. Among the three strategies tested, strategy (2) was cost-effective and was dominant over the other strategies, since it was at the same time the cheapest and the most effective strategy. Conclusion: Both laser trabeculoplasty and medications as primary treatments of early-stage POAG have generated significant gains in quality of life. The strategy of starting treatment with medications was cost-effective, whereas laser trabeculoplasty strategy was not cost-effective, when non-medical costs (direct and indirect) are included.