ABSTRACT
Resumo O objetivo do artigo é elucidar os principais aspectos da produção de dados recente sobre a população com deficiência no Brasil. Em sua primeira seção, recorre-se à pesquisa documental e bibliográfica para revelar a influência dos debates em torno das concepções da deficiência sobre o levantamento de informações estatísticas. Na sequência são apresentados os parâmetros para a identificação da pessoa com deficiência na Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua de 2022 e no Censo Demográfico de 2022. Embora as pesquisas sejam conduzidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e adotem como referência as recomendações do Grupo de Washington de Estatísticas sobre Deficiência, têm questionários distintos, o que demanda atenção dos usuários desses dados. Na terceira seção são analisados indicadores sociodemográficos gerados com os microdados da PNS 2019 e da PNAD Contínua 2022, com o fim de esclarecer diferenças entre eles e refletir sobre a adoção de linha de corte para definir pessoas com deficiência. Constata-se que pessoas com dificuldades mais severas são as que mais enfrentam dificuldades de acesso à educação e ao mercado de trabalho.
Abstract The present study aims to elucidate the main aspects of recent data production regarding people with disabilities in Brazil. In its first section, a documentary and a bibliographic search is employed to unveil the influence of debates surrounding conceptions of disability concerning statistical information surveys. Subsequently, parameters for the identification of individuals with disabilities are presented in the 2019 National Health Survey (NHS), the 2022 Continuous National Household Sample Survey (Continuous PNAD), and the 2022 Demographic Census. Although these surveys are conducted by the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE) and adhere to the recommendations of the Washington Group on Disability Statistics (WG), they employ distinct questionnaires, requiring careful attention from the users of this data. In the third section, sociodemographic indicators generated from the microdata of the 2019 NHS and the 2022 Continuous PNAD are analyzed in order to elucidate differences between them and contemplate the adoption of a cutoff point to define people with disabilities. It is observed that individuals with more severe difficulties are the ones facing greater challenges in accessing education and the labor market.
Resumen El objetivo de este artículo es dilucidar los principales aspectos de la reciente producción de datos sobre la población discapacitada en Brasil. En la primera sección se utiliza la investigación documental y bibliográfica para revelar la influencia de los debates en torno a las concepciones de la discapacidad en la recopilación de información estadística. A continuación, se presentan los parámetros de identificación de las personas con discapacidad en la Encuesta Nacional de Salud de 2019, en la Encuesta Nacional Continua por Muestra de Hogares de 2022 y en el Censo Demográfico de 2022. Aunque las encuestas son realizadas por el Instituto Brasileño de Geografía y Estadística y adoptan como referencia las recomendaciones del Grupo de Washington de Estadísticas sobre Discapacidad, tienen cuestionarios diferentes, lo que requiere atención por parte de los usuarios de estos datos. En la tercera sección se analiza los indicadores sociodemográficos generados con los microdatos de la ENS 2019 y de la ENMH Continua 2022, con el objetivo de aclarar las diferencias entre ellos y reflexionar sobre la adopción de una línea de corte para definir a las personas con discapacidad. Se constata que las personas con dificultades más severas son las que enfrentan mayores dificultades de acceso a la educación y al mercado de trabajo.
ABSTRACT
Abstract Objectives: the first five years of life are critical for children's physical and intellectual development. However, the under-five mortality rate in South Asia and ASEAN is relatively high, caused by complex etiologies. This paper identifies maternal high-risk fertility behaviors and healthcare services utilization and examines predictors of under-five mortality (U5M) in 7 Asian (South Asia - ASEAN) developing countries (Indonesia, Myanmar, Cambodia, Philippines, Bangladesh, Nepal, and Pakistan). Methods: a multivariate logistic regression model with a complex survey was used to examine predictors of U5M on the frequency of U5M adjusted for comorbidities. Results: according to multivariate models (model 2), U5M was 2.99 times higher in mothers with low weight at birth infants than in mothers without low weight at birth infants (aOR= 2.99; CI95%=2.49-3.58); Mothers without antenatal care contacts were 3.37 times more likely (aOR= 3.37; CI95%=2.83-4.00) to have a U5M than mothers with eight or more antenatal care contacts; U5M in Indonesia was 2.34 times higher (aOR= 2.34; CI95%= 1.89-2.89). It is investigated that antenatal care serves as a predictor in decreasing U5MR. Conclusions: in order to achieve significant U5MR reduction, intervention programs that encourage antenatal care consultations should be implemented.
Resumo Objetivos: os primeiros cinco anos de vida são críticos para o desenvolvimento físico e intelectual da criança. No entanto, a taxa de mortalidade de menores de cinco anos no sul da Ásia e na ASEAN é relativamente alta, causada por etiologias complexas. Este artigo identifica comportamentos maternos de fertilidade de alto risco e utilização de serviços de saúde e examina preditores de mortalidade abaixo de 5 anos (MM5) em 7 países em desenvolvimento da Ásia (Sul da Ásia - ASEAN) (Indonésia, Mianmar, Camboja, Filipinas, Bangladesh, Nepal e Paquistão). Métodos: um modelo de regressão logística multivariada foi usado para examinar preditores de MM5 na frequência de MM5 ajustado para comorbidades. Resultados: na análise multivariada (modelo 2), U5M foi 2,99 vezes maior em mães com bebês com baixo peso ao nascer do que em mães sem bebês com baixo peso ao nascer (aOR= 2,99; IC95%=2,49-3,58); as mães sem contatos de cuidados pré-natais tiveram 3,37 vezes mais probabilidade (aOR=3,37; IC95%=2,83-4,00) para ter MM5 do que mães com oito ou mais contatos de cuidados pré-natais; MM5 na Indonésia foi 2,34 vezes maior (aOR= 2,34; IC95%= 1,89-2,89). Investiga-se que os cuidados pré-natais funcionam como um preditor na diminuição da MM5. Conclusões: para uma redução significativa da MM5, devem ser implementados programas de intervenção que estimulem as consultas pré-natais.
Subject(s)
Humans , Infant, Newborn , Infant , Child, Preschool , Prenatal Care , Infant Mortality , Risk Factors , Mortality , Child Mortality , Maternal Behavior , Maternal-Child Health Services , Asia, SouthernABSTRACT
Introdução: O câncer de testículo é o tumor mais comum em homens de 15 a 44 anos. Sua etiologia está relacionada a alguns fatores já conhecidos como criptorquidia, história familiar, tumor contralateral, abuso de cannabis e HIV. A incidência vem aumentando nos últimos 30 anos em países industrializados da América do Norte, Europa e Oceania. A maioria das publicações a respeito da epidemiologia, evolução clínica e resposta terapêutica dos tumores germinativos de testículo (TGT) provêm da Europa e Estados Unidos. No Brasil, há poucos dados sobre o perfil deste tumor em nossa população. Objetivo: traçar o perfil demográfico, epidemiológico, clínico, patológico e terapêutico dos tumores germinativos testiculares da população brasileira. Material e métodos: Foram analisados 1207 prontuários de pacientes atendidos no Departamento de Cirurgia Pélvica do A.C.Camargo Cancer Center, entre 1954 e janeiro de 2014. Foram excluídos os pacientes com 14 anos ou menos, pacientes que não apresentavam tumores germinativos no anatomopatológico e os prontuários de pacientes que continham menos que 50% das informações preenchidas, restando um N final de 568 casos. Resultados: 52,1% eram de tumores não seminomatosos (TNS) e 47,9% de tumores seminomatosos (TS). A análise foi dividida em 3 períodos: P1: 1979-1990; P2: 1991-2000 e P3: 2001-2014. A média de idade ao diagnóstico foi de 30,3 anos, sendo que pacientes com TNS apresentaram idade menor ao diagnóstico que aqueles com TS (33,38 versus 27,47 anos; p<0,001), diferença confirmada nos 3 períodos analisados (p: 0.003; 0,001; <0,001 respectivamente). A maioria dos pacientes eram da raça branca e os antecedentes pessoais mais prevalentes foram tabagismo e criptorquidia. O sinal/sintoma mais prevalente foi massa palpável/aumento de volume. Houve diferença no tamanho do tumor quando comparados o laudo do anátomo patológico (AP) versus tamanho ao ultrassom (p<0,0001). Pacientes previdenciários públicos apresentaram tumores ligeiramente maiores quando comparados a pacientes de saúde suplementar (p<0,0001). No último período, a maior parte dos TS foram classificados como Boden Ia e os TNS como Boden III. Houve redução da incidência de violação escrotal ao longo dos períodos. 88,8% dos TS e 93.1% dos TNS foram tratados com orquiectomia unilateral. O esquema quimioterápico mais utilizado foi o esquema BEP (60,9% no P2 e 62.7% no P3). TS e estágios mais precoces foram tratados mais frequentemente com radioterapia que TNS e avançados. Não houve diferença de sobrevida entre TS e TNS. A sobrevida específica foi menor em indivíduos IGCCC de mau prognóstico, da categoria SS e no P3. Conclusão: O baixo índice de preenchimento prejudicou a análise sobretudo no P1. Apesar disto, dispomos de um banco de dados sólido sobre o perfil dos TGT na população brasileira.
Introduction: Testicular cancer is the most common tumor in men 15-44 years. Its etiology is related to some factors known as cryptorchidism, family history, contralateral tumor, cannabis abuse and HIV. The incidence has increased in the last 30 years in industrialized countries in North America, Europe and Oceania. Most studies about the epidemiology, clinical course and treatment of germ cell tumors of the testis (TGT) come from Europe and the United States. There are few data on the profile of this tumor in brazilian people. Objective: To trace the demographic, epidemiological, clinical, pathological and therapeutic characteristics of testicular germ cell tumors in the Brazilian population. Methods: We analyzed 1207 medical records of patients treated at the Department of Pelvic Surgery, AC Camargo Cancer Center between 1954 and January 2014. We excluded patients with 14 years or less, patients who did not have germinal tumors and medical records containing less than 50% of the information filled, leaving a final 568 cases. Results: 52.1% were nonseminomatous tumors (TNS) and 47.9% of seminomatous tumors (TS). The analysis was divided into three periods: P1: 1979-1990; P2: 1991-2000 and P3: 2001-2014. The average age at diagnosis was 30.3 years, and patients with TNS had lower age at diagnosis than those with TS (33.38 versus 27.47 years, p <0.001) difference confirmed in the 3 periods analyzed (p: 0.003; 0.001; <0.001 respectively). Most patients were white and the most prevalent personal background were smoking and cryptorchidism. The most prevalent symptom/sign was palpable mass/volume increase. Ultrasound underestimated tumor size when compared to anatomopathological (AP) (p <0.0001). Public pension patients had slightly larger tumors compared to supplemental health patients (p <0.0001). In the last period, most TS were classified as Boden Ia and TNS as Boden III. There was a reduction in the incidence of scrotal violation over the periods. 88.8% of TS and 93.1% of TNS were treated with unilateral orchiectomy. The most commonly used chemotherapy regimen was BEP (60.9% in Q2 and 62.7% in Q3). TS and earlier stages were more often treated with radiotherapy that TNS and advanced tumors. There was no survival difference between TS and TNS. The specific survival was lower in individuals IGCCC poor prognosis, the category SS and P3. Conclusion: Despite the few data registred during P1,we have a solid database on the profile of the Brazilian TGT population, especially in recent period.