RESUMEN
Ratos Wistar apresentam surtos paroxísticos de descargas espícula-onda lenta (DEOs) no eletroencefalograma. Essas descargas ocorrem normalmente nos períodos de vigília relaxada e estão presentes em todo o córtex, sendo sincrônicas entre os hemisférios. A freqüência das ondas oscila entre 7 e 11 Hz e a potência entre 200 e 1000 µV. As DEOs aumentam em freqüência e duração com o envelhecimento. Durante um surto letal, observa-se imobilidade corporal (com manutenção do tônus muscular) e movimentos curtos e regulares das vibrissas. A manifestação das DEOs em ratos representa um modelo animal da epilepsia de ausência, sendo assim denominada de crise do tipo ausência. Sugere-se haver nesses animais comprometimento da aprendizagem espacial, resposta alterada a drogas bem como distração. O presente trabalho teve como objetivo avaliar se ratos portadores de crises do tipo ausência exibem alterações no desempenho de tarefa de direcionamento da atenção. Nossa hipótese é que ratos portadores de DEOs exibem prejuízos relacionados ao direcionamento atenção. Para avaliar tal hipótese. 5 ratos Wistar machos foram testados em uma tarefa que demanda o direcionamento da atenção. Posteriormente. foram submetidos a cirurgia para implantação de elétrodos no córtex frontal e subseqüentes registros eletrocorticográficos para diagnóstico e caracterização dos surtos de DEOs. Quatro ratos apresentaram DEOs no eletrocorticograma (ECoG) e a correlação entre o tempo de crise e o desempenho na tarefa foi analisada. Os testes de correlação revelaram haver efeito parcial do tempo de crise sobre o tempo de reação à apresentação de alvos visuais (correlação positiva), sobre o tempo de movimento (correlação positiva) e sobre a acurácia (proporção de respostas corretas: correlação negativa). Os resultados obtidos no presente trabalho sugerem haver comprometimento do desempenho de ratos portadores de crises do tipo ausência em tarefa dependente de atenção. Esses achados justificam a elaboração e a execução de proposta experimental com amostra maior e registro eletrocorticográfico concomitante com o desempenho da tarefa, a fim de avaliar o desempenho dos animais nessa tarefa na vigência da crise e em sua ausência (AU)
