RESUMO
A presente questão surgiu da minha experiência clínica, como psicanalista, oportunidade em que atendi casos de mulheres que, no decorrer do processo de análise, relataram experiências de abuso sexual na sua infância. Eram relatos carregados de muito sofrimento, uma vez que elas se consideravam culpadas pelo abuso sofrido - seja por omissão, por provocação ou pelo prazer resultante, mas principalmente porque ocorriam dentro da relação familiar, com o pai. Por mais que ponderassem que eram crianças à época inicial do abuso, não conseguiam integrar e nem elaborar essa experiência como uma situação de abuso propriamente dito, uma vez que receberam um estímulo externo não correspondente ao seu grau de evolução interna. Procuravam sempre, o que se pode chamar de sua participação ativa naquele relacionamento abusivo.