RESUMO
O aumento da incidência do distúrbios de conduta em crianças e adolescentes é um fator de preocupação para os profissionais de saúde. Durante as atividades de estágio de alunos de enfermagem em uma escola pública foi detectado que 15 alunos do ensino fundamental apresentavam diagnóstico médico de distúrbios de conduta e/ou tomava medicação controlada. O presente estudo teve como objetivo caracterizar estes alunos, identificar a existência de fatores de risco para problemas de saúde mental e sua relação com a estrutura e a característica familiar. Os participantes foram 11 pais de alunos que concordaram em participar do estudo. Os dados foram coletados por entrevista semi-estruturada realizada no domicílio da criança. Os resultados mostraram que o transtorno mental está presente em crianças / adolescentes de ambos os sexos e em diferentes faixas etárias. A maioria das famílias era do tipo nuclear e a renda familiar média era de 3 a 5 salários-mínimos. O diagnóstico médico mais freqüente era de transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH); a maioria das crianças (76 porcento) possuía antecedentes familiares de transtorno mental e apresentavam dificuldade escolar (72 porcento); e boa parte das crianças era exposta a situações de humilhação. Conclui-se que as características das famílias estudadas podem ser consideradas um fator de risco para o distúrbio de conduta, especialmente em relação aos antecedentes familiares e a práticas educativas inapropriadas. Há necessidade de novos estudos sobre o tema que possam subsidiar a elaboração de políticas públicas de saúde mental.
The increase in behavioral disorders in children and adolescents is a factor of concern for health professionals. During the internship of nursing students in a public school, it was observed that 15 elementary students presented a medical diagnosis of mental disorder and/or were taking controlled medication. The present study aimed to characterize those students, and to identify the existence of risk factors for mental health problems, as well as their relationship with family structure and characteristics. The informers were 11 parents of students who agreed to participate in the study. Data were collected in June 2006, through a semi-structured interview that was conducted in the child's home. Results showed that the mental disorder is present in children/adolescents of both sexes and in different age groups. Most of the families were of a nuclear type and the average family income was of 3 to 5 minimum wages. The most frequent medical diagnosis was ADHD, 76% of the children presented family antecedents of mental disorder, 72% had difficulties at school, and a great number of them was exposed to humiliating situations. It was concluded that the characteristics of the studied families can be considered a risk factor for behavioral disorders, especially in relation to family antecedents and to inadequate educational practices. Further studies are needed on the theme in order to subsidize the elaboration of public policies of mental health.