RESUMO
OBJECTIVE: To assess the effect of the implementation of a palliative care program on do-not-resuscitate orders and intensive care unit utilization during terminal hospitalizations. METHODS: Data were retrospectively collected for all patients who died in a tertiary hospital in Brazil from May 2014 to September 2016. We analyzed the frequency of do-not-resuscitate orders and intensive care unit admissions among in-hospital deaths. Interrupted time series analyses were used to evaluate differences in trends of do-not-resuscitate orders and intensive care unit admissions before (17 months) and after (12 months) the implementation of a palliative care program. RESULTS: We analyzed 48,372 hospital admissions and 1,071 in-hospital deaths. Deaths were preceded by do-not-resuscitate orders in 276 (25.8%) cases and admissions to the intensive care unit occurred in 814 (76%) cases. Do-not-resuscitate orders increased from 125 (20.4%) to 151 (33%) cases in the pre-implementation and post-implementation periods, respectively (p < 0.001). Intensive care unit admissions occurred in 469 (76.5%) and 345 (75.3%) cases in the pre-implementation and post-implementation periods, respectively (p = 0.654). Interrupted time series analyses confirmed a trend of increased do-not-resuscitate order registrations, from an increase of 0.5% per month pre-implementation to an increase of 2.9% per month post-implementation (p < 0.001), and demonstrated a trend of decreased intensive care unit utilization, from an increase of 0.6% per month pre-implementation to a decrease of -0.9% per month in the post-implementation period (p = 0.001). CONCLUSION: The implementation of a palliative care program was associated with a trend of increased registration of do-not-resuscitate orders and a trend of decreased intensive care unit utilization during terminal hospitalizations.
OBJETIVO: Avaliar os efeitos da implantação de um programa de cuidados paliativos no estabelecimento de ordens de não reanimar e na utilização da unidade de terapia intensiva em hospitalizações terminais. MÉTODO: Os dados de todos os pacientes que faleceram em um hospital terciário brasileiro, entre maio de 2014 e setembro de 2016, foram coletados de forma retrospectiva. Analisamos a frequência do estabelecimento de ordens de não reanimar e de admissões à unidade de terapia intensiva entre os casos de óbito hospitalar. Utilizou-se análise de séries temporais interrompidas para avaliar as diferenças, em termos de tendências de estabelecimento de ordens de não reanimar e de admissões à unidade de terapia intensiva antes (15 meses) e após (12 meses) a implantação do programa de cuidados paliativos. RESULTADOS: Analisamos um total de 48.372 admissões ao hospital, dentre as quais 1.071 óbitos no hospital. Os óbitos foram precedidos de ordens de não reanimar em 276 (25,8%) casos e ocorreram admissões à unidade de terapia intensiva em 814 (76%) casos. O estabelecimento de ordens de não reanimar aumentou de 125 (20,4%) para 151 (33%) casos, na comparação entre os períodos antes e após a implantação do programa de cuidados paliativos (p < 0,001). Ocorreram admissões à unidade de terapia intensiva em 469 (76,5%) e 345 (75,3%) dos casos, respectivamente, nos períodos pré e após a implantação do programa de cuidados paliativos (p = 0,654). A análise de séries temporais confirmou tendência ao aumento do estabelecimento de ordens de não reanimar de 0,5% por mês antes da implantação para 2,9% ao mês após a implantação (p < 0,001), demonstrando-se tendência à diminuição de utilização da unidade de terapia intensiva, de uma tendência a aumento de 0,6% ao mês, antes da implantação do programa, para diminuição de -0,9% ao mês no período, após a implantação (p = 0,001). CONCLUSÃO: A implantação de um programa de cuidados paliativos se associou com tendência ao aumento no estabelecimento de ordens de não reanimar e à diminuição do uso da unidade de terapia intensiva durante hospitalizações terminais.
Assuntos
Hospitalização , Unidades de Terapia Intensiva/estatística & dados numéricos , Cuidados Paliativos/organização & administração , Ordens quanto à Conduta (Ética Médica) , Idoso , Idoso de 80 Anos ou mais , Brasil , Feminino , Humanos , Análise de Séries Temporais Interrompida , Masculino , Pessoa de Meia-Idade , Estudos Retrospectivos , Assistência Terminal/organização & administração , Centros de Atenção Terciária , Fatores de TempoRESUMO
RESUMO Objetivo: Avaliar os efeitos da implantação de um programa de cuidados paliativos no estabelecimento de ordens de não reanimar e na utilização da unidade de terapia intensiva em hospitalizações terminais. Método: Os dados de todos os pacientes que faleceram em um hospital terciário brasileiro, entre maio de 2014 e setembro de 2016, foram coletados de forma retrospectiva. Analisamos a frequência do estabelecimento de ordens de não reanimar e de admissões à unidade de terapia intensiva entre os casos de óbito hospitalar. Utilizou-se análise de séries temporais interrompidas para avaliar as diferenças, em termos de tendências de estabelecimento de ordens de não reanimar e de admissões à unidade de terapia intensiva antes (15 meses) e após (12 meses) a implantação do programa de cuidados paliativos. Resultados: Analisamos um total de 48.372 admissões ao hospital, dentre as quais 1.071 óbitos no hospital. Os óbitos foram precedidos de ordens de não reanimar em 276 (25,8%) casos e ocorreram admissões à unidade de terapia intensiva em 814 (76%) casos. O estabelecimento de ordens de não reanimar aumentou de 125 (20,4%) para 151 (33%) casos, na comparação entre os períodos antes e após a implantação do programa de cuidados paliativos (p < 0,001). Ocorreram admissões à unidade de terapia intensiva em 469 (76,5%) e 345 (75,3%) dos casos, respectivamente, nos períodos pré e após a implantação do programa de cuidados paliativos (p = 0,654). A análise de séries temporais confirmou tendência ao aumento do estabelecimento de ordens de não reanimar de 0,5% por mês antes da implantação para 2,9% ao mês após a implantação (p < 0,001), demonstrando-se tendência à diminuição de utilização da unidade de terapia intensiva, de uma tendência a aumento de 0,6% ao mês, antes da implantação do programa, para diminuição de -0,9% ao mês no período, após a implantação (p = 0,001). Conclusão: A implantação de um programa de cuidados paliativos se associou com tendência ao aumento no estabelecimento de ordens de não reanimar e à diminuição do uso da unidade de terapia intensiva durante hospitalizações terminais.
ABSTRACT Objective: To assess the effect of the implementation of a palliative care program on do-not-resuscitate orders and intensive care unit utilization during terminal hospitalizations. Methods: Data were retrospectively collected for all patients who died in a tertiary hospital in Brazil from May 2014 to September 2016. We analyzed the frequency of do-not-resuscitate orders and intensive care unit admissions among in-hospital deaths. Interrupted time series analyses were used to evaluate differences in trends of do-not-resuscitate orders and intensive care unit admissions before (17 months) and after (12 months) the implementation of a palliative care program. Results: We analyzed 48,372 hospital admissions and 1,071 in-hospital deaths. Deaths were preceded by do-not-resuscitate orders in 276 (25.8%) cases and admissions to the intensive care unit occurred in 814 (76%) cases. Do-not-resuscitate orders increased from 125 (20.4%) to 151 (33%) cases in the pre-implementation and post-implementation periods, respectively (p < 0.001). Intensive care unit admissions occurred in 469 (76.5%) and 345 (75.3%) cases in the pre-implementation and post-implementation periods, respectively (p = 0.654). Interrupted time series analyses confirmed a trend of increased do-not-resuscitate order registrations, from an increase of 0.5% per month pre-implementation to an increase of 2.9% per month post-implementation (p < 0.001), and demonstrated a trend of decreased intensive care unit utilization, from an increase of 0.6% per month pre-implementation to a decrease of -0.9% per month in the post-implementation period (p = 0.001). Conclusion: The implementation of a palliative care program was associated with a trend of increased registration of do-not-resuscitate orders and a trend of decreased intensive care unit utilization during terminal hospitalizations.