RESUMO
A estimulação direta do sistema de condução foi idealizada na década de 70, porém, o procedimento só se tornou factível e reprodutível com o desenvolvimento de ferra-mentas específicas. A qualidade da estimulação obtida depende de fatores como: nível anatômico do sistema His-Purkinje alcançado; captura muscular concomitante ou não e resposta eletrocardiográfica obtida. A estimulação do sistema de condução envolve a captura do feixe de His ou do ramo esquerdo e seus fascículos, podendo ser seletiva (S) ou não seletiva (NS), na dependência de ausência ou presença, respectivamente, de captura simultânea do miocárdio ventricular adjacente. Diante das atuais evidências, a estimulação direta do sistema de condução pode ser considerada uma alternativa aos pacientes com bradicardia e indicação para implante de marcapasso, evitando-se os efeitos indesejáveis do dissincronismo ventricular causado pela estimulação tradicional de ventrículo direito (VD) como, também, uma alternativa à estimulação biventricular para terapia de ressincronização cardíaca (TRC). Apesar de promover ativação ventricular fisiológica, a estimulação do feixe de His apresenta algumas limitações anatômicas e funcionais além da incapacidade de corrigir a doença distal do sistema de condução, enquanto a estimulação do ramo esquerdo fornece limiares mais baixos e estáveis, além de corrigir as doenças de condução, sendo capaz de promover sincronismo intraventricular equivalente à estimulação direta do feixe de His e, por esses motivos, sua aplicação vem se ampliando largamente. Embora os dados ainda sejam limitados e grandes estudos prospectivos para avaliação de segurança e eficácia a longo prazo sejam necessários, os resultados são favoráveis à essa modalidade de estimulação.