RESUMO
Introdução: a mortalidade materna consiste em evento prioritário de saúde pública, afetando particularmente mulheres no ciclo gravídico puerperal de classes sociais mais desfavorecidas. Objetivo: analisar, a partir dos dados do Comitê Municipal de Prevenção à Mortalidade Materna de Juiz de Fora, os determinantes sociais envolvidos nesse evento, o perfil reprodutivo dessas mulheres, a acessibilidade e a qualidade dos serviços de saúde. Método: estudo retrospectivo, com análise dos 81 óbitos maternos de Juiz de Fora, entre 1996 e 2008. Foram consideradas como variáveis para análise: número de consultas e qualidade do pré-natal, período gestacional, tipo de parto, momento do óbito, causa básica da morte, local de ocorrência, além dos problemas e sugestões propostos pelo Comitê. Resultados: a RMM média entre 1996 e 2001 foi de 98,5 por 100.000 nascidos vivos, passando nos seis anos seguintes (2002 a 2007) para 77,8 por 100.000 nascidos vivos. Foi encontrada associação entre número de consultas pré-natais e cor (p=0,02) e também correlação (r=0,90, p-valor=0,01) entre áreas de exclusão social e número de óbitos maternos. Do total de óbitos, 74% foram declarados. A maioria dos óbitos ocorreu no puerpério (69,1%), foi do tipo obstétrico direto (63%) e 64% eram evitáveis. Conclusão: a elevada taxa de mortalidade materna associada a precárias condições socioeconômicas e ao potencial de evitabilidade de grande parte dos óbitos maternos revelam a necessidade de políticas públicas mais eficientes.
Introduction: Maternal death represents a priority public health issue that particularly affects socially unprivileged women in their pregnancy and puerperal period. Objective: To analyze the social determinants involved in this issue, the reproductive characteristics of these women and the access to and the quality of health services building on data provided by the Municipal Committee for Prevention of Maternal Death in the Municipality of Juiz de Fora. Method: This is a retrospective study that analyses 81 maternal deaths in Juiz de Fora from 1996 through 2008. The analysis included the following variables: number and quality of prenatal appointments, pregnancy duration, type of delivery, moment of death, basic cause of death, and place of death, as well as the issues and related suggestions pointed by the Municipal Committee. Results: The average maternal mortality rate from 1996 through 2001 was 98.5 per 100,000 live newborns, but decreased to 77.8/100,000 from 2002 to 2007. Significant correlations were found between prenatal appointments and skin color (p=0.02) as well as between zones of social exclusion and number of maternal deaths (r=0.90, p=0.01). Medical death certificate was provided in 70% of the cases. Most deaths took place during puerperium (69.1), were registered as direct obstetric death (63%) and were considered evitable (64%). Conclusion: The high maternal mortality rate associated with poor socioeconomic conditions and the meaningful occurrence of potentially evitable cases of death points to the need of more efficient public policies
