O lobinho e o manto mágico: uma intervenção em ambientoterapia / The little wolf and the magic cloak: an intervention in ambientotheraphy

Esse trabalho é o resultado de um projeto realizado pelo Setor de Ambientoterapia do CEAPIA, utilizando os contos de fadas como um recurso terapêutico dentro desta modalidade de tratamento. Sabe-se que os contos de fadas têm a capacidade de ajudar o sujeito a elaborar conflitos psíquicos e dominar angústias e medos. Percebendo o interesse dos pacientes, por esse tipo de narrativa, a equipe elaborou uma história intitulada "O Lobinho e o manto mágico", a qual aborda uma temática pertinente aos conflitos das crianças que estavam em atendimento. Essa história buscou, entre outros objetivos, inserir um novo elemento como alternativa à contenção física: um "manto com poderes tranquilizadores". Neste artigo, relata-se a utilização deste conto, a exploração de inúmeras atividades a partir dos personagens, a confecção do manto da ambientoterapia e os resultados positivos deste projeto em relação à ampliação da capacidade simbólica e dos recursos egoicos dos pacientes.

This work is the result of a project undertaken by CEAPIA's Ambientherapy Sector, using fairy tales as a therapeutic resource within this modality of treatment. It is known that fairy tales have the capability of helping individuals elaborate psychical conflicts and to control anxieties and fears. Noticing the patient's interest for this type of narrative, the team developed a story entitled "The little wolf and the magic cloak", which addresses a theme relevant to the conflicts of the children who were in treatment. One of the objectives of this story was to insert a new element as an alternative to physical restraint: a "reassurance empowered cloak". This study reports the use of this tale, the innumerous activities developed from the characters, the making of the ambientotherapy cloak and the positive results of this project in relation to the expansion of patients symbolic capacity and egoic resources.

Errar é humano?: um estudo de caso sobre as especificidades do trabalho hospitalar

Os trabalhadores hospitalares lidam com o sofrimento, a vida e a morte, compartilhando um espaço que historicamente ocupa um importante lugar social. A possibilidade e/ ou a ocorrência de um erro no trabalho neste contexto ganha relevância visto sua relação como binômio vida-morte. Parte-se da concepção de que os trabalhadores hospitalares são 'depositários de uma sina' (Pitta, 1991), pois têm o dever de trabalhar com a dor, a desgraça e o sofrimento humano e que tal 'sina' traz implicações psíquicas. Neste contexto, o 'medo do erro' é mais uma fonte de sofrimento para estes trabalhadores. Esta pesquisa propôs-se a investigar como a ocorrência de erro se inscreve no cotidiano de trabalhadores hospitalares. O diferencial desta proposta é estender a discussão para além do erro médico, incluindo diferentes categorias profissionais que atuam no âmbito hospitalar, independentemente de lidarem com o trato direto ou indireto dos pacientes. A proposta de ampliar o estudo para diferentes categorias funcionais, alicercia-se na concepção de que a questão perpassa o conjunto dos trabalhadores deste contexto laboral. O estudo se desenvolveu em um hospital geral particular de Porto Alegre, caracterizando-se como um estudo da caso (Yin, 1994), com base em uma abordagem de pesquisa qualitativa. A escolha do estudo de caso fundamentou-se na concepção de que especificidades organizacionais são representativas na apreensão do objeto de pesquisa. Foram eleitos diferentes procedimentos para coleta empírica, que incluiu a aplicação de questionários distribuídos a todos os trabalhadores do Hospital, a realização de entrevistas semi-estruturadas com trabalhadores escolhidos por sorteio e a análise do material escrito de circulação interna no hospital. Os dados escolhidos são apresentados através de freqüências e percentuais; as respostas descritivas, os depoimentos orais e o material escrito informativo foram analisados com referencias nos procedimentos propostos por Bardin Os resultados apontam que o discurso dos trabalhadores coloca a sua condição de 'humanos' como justificativa para a ocorrência de erros na execução das atividades laborais...(AU)