RESUMO
Idosos säo os maiores consumidores de prescrições e medicamentos vendidos sem receita médica, de forma que a polifarmácia, incluindo o uso concomitante de álcool, é comum nessa faixa etária. As mudanças fisiológicas que acompanham o processo de envelhecimento influenciam as concentrações de medicamentos e seu metabolismo, de forma que a polifarmácia e a interaçäo de outras drogas com álcool podem influenciar negativamente a capacidade funcional, bem como a habilidade psicomotora e cognitiva (incluindo atençäo e memória) dos idosos -- o que aumenta o risco de acidentes, ferimentos, isolamento e, finalmente, institucionalizaçäo. Este artigo argumenta que a definiçäo do DSM-IV de "abuso" e "dependência" tem valor limitado para a maioria dos idosos que consumem álcool ou drogas de modo "problemático". Nesse sentido, a CID-10 é capaz de identificar de forma mais adequada indivíduos "em risco" ou com sinais "iniciais" de comprometimento. Discutem-se as dificuldades que os psiquiatras e outros clínicos podem enfrentar para identificar o consumo problemático de álcool e outras drogas entre idosos, bem como o uso de instrumentos de avaliaçäo e intervenções terapêuticas. O potencial para reduzir a incidência e gravidade das complicações físicas e psicossociais associadas a uma reduçäo ou abandono do uso de álcool e drogas entre idosos sugere que a avaliaçäo e o tratamento desses pacientes devem ser uma das prioridades no manejo clínico desse grupo vulnerável, e freqüentemente desprovido de direitos, da populaçäo