RESUMO
Este artigo relata a experiência inicial do Instituto da Criança com o transplante de fígado em crianças, desde a fase de planejamento e efetivaçäo aos resultados iniciais. O primeiro passo foi a reuniäo da equipe de profissionais experientes no tratamento da criança, constituída de cirurgiöes pediatras, hepatologistas, intensivistas, anestesistas e assistente social, para o estabelecimento de protocolos terapêuticos, análises de critérios de indicaçäo, imunizaçäo ativa e drogas imunossupressivas. Após um longo tratamento cirúrgico, com a realizaçäo de mais de 100 transplantes de fígado em animais de médio porte, iniciamos a fase clínica, em setembro de 1989. Desta data a julho de 1991, foram realizados 12 transplantes ortotópicos de fígado em nove crianças (três retransplantes) portadoras de insuficiência hepática terminal. A idade variou de 2a e 3m a 17a, sendo cinco crianças do sexo masculino e quatro de feminino. o feminino. Os doadores fora selecionados apenas segundo o grupo sanguinio ABO e compatibilidade de peso corpóreo. Apenas em uma ocasiäo uma criança A+ recebeu fígado de doador O+. A imunossuprassäo básica constitui-se de ciclosporina, corticosteróide e azatioprina. A permanência em UTI variou de 3 a 24 dias e foi basicamente condicionada à necessidade de ventilaçäo mecânica. Näo tivemos mortalidade operatória, trombose arterial, venosa, ou complicaçäo biliar precoce. A sobrevida geral foi de 78% (7/9) das crianças. Os dois casos de óbito ocorreram em decorrência de näo funcionamento primário do enxerto. Embora o número de casos ainda näo seja grande, estes resultados iniciais säo comparáveis aos dos melhores centros de transplante hepático do mundo