RESUMO
Este trabalho teve como objetivo determinar a habilidade do exame citopatológico de Papanicolaou para diagnosticar a vaginose bacteriana (VB), usando a coloração de Gram (gradiente de Nugent) como método diagnóstico padrão. Em estudo prospectivo foram analisadas amostras cérvico-vaginais de 223 mulheres não gestantes, com idades entre 14 e 82 anos. Na bacterioscopia ao Gram, a VB foi definida de acordo com os critérios propostos por Nugent et al. (1991), e, na técnica de Papanicolaou, a afecção foi caracterizada pela presença de microbiota mista com predomínio de cocobacilos, presença de clue cells e ausência ou diminuição da microbiotabacilar. A leitura dos esfregaços foi realizada por dois examinadores individualmente e de forma independente. O grau de concordância entre os resultados obtidos pelos dois métodos foi definido pelo coeficiente kappa. Comparado ao Gram, a sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo e valor preditivo negativo do método de Papanicolaou para diagnóstico de VB foram, respectivamente, 71%, 93%, 78% e 91%. O cálculo do coeficiente kappa demonstrou boa concordância entre os dois procedimentos (k=0,7). Os resultados obtidos sugerem que a análise dos esfregaços cérvico-vaginais corados pela técnica de Papanicolaou pode representar uma alternativa prática e útil para o diagnóstico de VB.